SINOPSE: A trama revela a história de origem da guerreira renegada Furiosa, anteriormente interpretada por Charlize Theron, narrando sua jornada até se unir a Max em “Mad Max: Estrada da Fúria”. O enredo segue uma jovem Furiosa (Anya Taylor-Joy), sequestrada de seu lar, o Lugar Verde de Muitas Mães, por uma grande horda de motoqueiros liderada pelo senhor da guerra Dementus (Chris Hemsworth). Cruzando Wasteland, eles alcançam a Cidadela, dominada pelo Immortan Joe (Lachy Hulme). Enquanto os dois tiranos disputam o domínio, Furiosa se vê envolvida em uma batalha incessante para retornar ao seu lar.

Em 1979, um australiano chamado George Miller, dirigiu e roteirizou um filme sobre um futuro onde o planeta sofreu algum desastre nuclear, que levou à ruína da sociedade humana como a conhecemos. Nesse cenário, motoristas e motoqueiros insanos causavam todo tipo de barbárie nas estradas australianas. Para detê-los, um certo Max Rockatansky, patrulheiro da Polícia Central, de posse de um carro turbinado parece ser a única forma de parar esses vândalos motorizados.

Reconhece essa história? Estou falando de “Mad Max”, filme que lançou para o mundo não somente o diretor Geroge Miller, como um dos astros dos filmes de ação dos anos 1980 e 1990, Mel Gibson.

Com apenas US$ 400 mil de orçamento, o filme foi lançado mundialmente em 1980 e arrecadou incríveis US$ 100 milhões para a época. Esses números são tão impressionantes que por vinte anos, “Mad Max” manteve o título no Guinness Book of Records do filme mais lucrativo já feito, até 1999, quando “A Bruxa de Blair” reivindicou o recorde (US$ 60 mil de orçamento para US$ 278,6 milhões de bilheteria).

Esses números, fizeram com que a Warner Bros comprasse os direitos de distribuição e criassem uma das franquias de ação mais icônicas da história do cinema. Na esteira do sucesso do primeiro filme, em dezembro de 1981 chegava aquele que é considerado o melhor filme da franquia: “Mad Max 2: A Caçada Continua”. Maior e melhor, a saga de Max Rockatansky pelas estradas, faturou cerca de US$ 200 milhões (alguns sites, como a Wikipedia, dizem US$ 80 milhões, o que acho difícil de acreditar, uma vez que se fosse somente isso, a franquia teria sido encerrada), para um orçamento de cerca de US$ 4 milhões. O segundo capítulo da franquia é tão impressionante, que a revista Variety, um dos mais importantes veículos de informação sobre cinema do mundo, o classificou como o melhor filme de ação da história, ficando à frente de ícones como “Os Caçadores da Arca Perdida” (1981), “Matrix” (1999), “Aliens” (1986), “O Exterminador do Futuro 2” (1991) e “Gladiador” (2000).

Depois tivemos o não tão bom “Mad Max 3: Além da Cúpula do Trovão”, que dividiu os fãs com uma história mais genérica, tendo como ponto alto a música “We Don’t Need Another Hero” da cantora Tina Turner, que interpreta Tia Entity, a governante implacável e determinada de Bartertown.

O terceiro filme da franquia, meio que apagou o entusiasmo da Warner e a franquia só voltaria em 2015, com o impressionante “Mad Max: Estrada da Fúria”, que apesar da arrecadação de apenas US$ 400 milhões para um orçamento de US$ 150 milhões, levou seis Oscars: Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som, Melhor Direção de Arte, Melhor Maquiagem e Penteados, Melhor Figurino e Melhor Edição, e que na minha opinião, foi o grande vencedor da premiação em 2016. Lembro que ele foi meu escolhido a melhor filme de 2015, quando publicava as resenhas no Facebook.

E foram justamente esses seis Oscars e quatro Baftas (Melhor Direção de Arte, Melhor Maquiagem, Melhor Figurino e Melhor Edição) que deram sinal verde para George Miller lançar o prequel da personagem de que mais se destacou em “Mad Max: Estrada da Fúria”: Furiosa, interpretada por Charlize Theron.

Concordo com uma reportagem que dizia que “Furiosa: Uma Saga Mad Max” é para quem gosta de filmes de ação da década de 1980 e 1990, que mantém a tradição da franquia, mas reinventa o gênero como “Mad Max: Estrada da Fúria” fez em 2015.

Todas as características da franquia Mad Max continuam presentes em “Furiosa”: personagens complexos e exóticos, perseguições insanas e cenas de ação explosivas. Mas sob a tutela de Geroge Miller e a liberdade que o estúdio deu a ele, esse longa-metragem ganha um ar de algo novo, assim como “Mad Max” de 1979 e “Mad Max 2” de 1981 fizeram há quarenta anos atrás.

O que mais chama a atenção em “Furiosa” é a estética que George Miller reutilizou, com sua paleta de cores, dando a esse mundo desértico cores extremamente saturadas, porém sem tirar o ar de desolação e desesperança que esse mesmo mundo impõe aos seus habitantes, com sua fotografia.

Tanto como em “Mad Max: Estrada da Fúria” como em “Furiosa”, vemos que essa estética visual única de George Miller é o elemento que mais chama atenção e encanta a quem está assistindo a ambos os filmes. Na verdade, não sei se é somente a saturação das cores ou é utilizado algum filtro, ou ambos, mas visualmente, o filme continua tendo um aspecto único e muito bonito.

Com relação a narrativa de “Furiosa”, George Miller continua sendo um mestre em contar histórias sem a necessidade de diálogos constantes. Comparando esse filme com “Mad Max: Estrada da Fúria”, noto que “Furiosa” tem mais diálogos, mas as cenas em si relatam tudo que precisamos saber, sem a necessidade da exposição verbal.

Porém, “Furiosa” me parece um pouco mais equilibrado no binômio ação / personagens que o filme que deu origem a esse prequel. A ação continua frenética e espetacular de assistir. Sei que não foi George Miller que criou as produções cinematográficas com perseguições de veículos, mas com certeza ele consegue elevar essas sequências a outro patamar. Toda a plástica dessas sequências é conduzida com um primor que fica difícil escolher uma que se destaque mais que outra.

Mas não estamos falando somente das perseguições e corridas turbinadas ao longo das estradas desertas, as sequências de luta e combate entre os personagens também merece um destaque pois vemos que os atores e atrizes ralaram muito para desempenharem da melhor forma possível nesses momentos.

E já que falamos em atores e atrizes, é preciso dizer que o elenco de “Furiosa” está em um perfeito equilíbrio com os demais aspectos técnicos do filme. Mas é válido destacar a dupla de protagonistas: Anya Taylor-Joy e Chris Hemsworth.

Falar do talento de Anya-Taylor Joy é chover no molhado, mas ao interpretar a protagonista que dá nome ao filme, percebemos como a atriz se adapta perfeitamente para qualquer papel que lhe é dado. Sua expressividade dá verossimilhança à uma Furiosa que busca vingança contra seu captor e executor da sua família. Os melhores momentos da atriz são justamente quando ela se expressa sem utilizar diálogos, mostrando a quão versátil e diferenciada ela é.

Chris Hemsworth já demostrou que é um ator talentoso e que o Thor que ele interpreta para o MCU é seu pior papel. Com Dementus, ele demonstra que consegue interpretar todas as nuances que o personagem possui. Dementus é sarcástico, engraçado em determinados momentos, carismático à sua maneira, mas que esconde sobre todas esses sentimentos uma pessoa gananciosa e perigosa, capaz de todos os atos possíveis para alcançar o poder e status que ele julga merecer: Governante de toda a Terra Devastada. E nesse ponto, Chris Hemsworth conseguiu entregar com louvor.

Com relação aos prêmios que “Mad Max: Estrada da Fúria” ganhou, acredito que “Furiosa é um pouco inferir na questão de edição e mixagem de som, mas na parte de figurino e maquiagem, o filme continua dando um show, dando vida aos personagens exóticos e complexos desse mundo. E para exemplificar o que digo, veja abaixo o vídeo de transformação de Chris Hemsworth em Dementus.

É minha opinião, que “Furiosa” deveria ter sido indicado nas categorias de Melhor Maquiagem e Penteado e Melhor Fotografia, pois como “Duna” e “Duna: Parte 2”, esse filme utilizou muito bem esses aspectos técnicos para dar vida à história.

Assim com “Mad Max: Estrada da Fúria”, “Furiosa” parece ser um filme nichado, que agrada a apenas uma parcela de pessoas. Mesmo entre as pessoas que gostam de longas-metragens de ação, esses dois filmes não são uma unanimidade. E isso se refletiu nas bilheterias novamente, pois como seu antecessor, fez somente US$ 175 milhões nas bilheterias mundiais para um orçamento de US$ 168 milhões. Contando mais os custos para promover o filme, que podem ser de até 50% o valor do orçamento para uma produção desse porte, “Furiosa” precisaria alcançar cerca de US$ 500 milhões para ser um modesto sucesso.

O que quero dizer com todos esses números? É que provavelmente a Warner irá colocar a franquia na geladeira por algum tempo ou George Miller não terá a liberdade criativa que teve nesse filme e em “Mad Max: Estrada para a Fúria”. Nesse caso, torço para “Mad Max” ir para o limbo, pois fazer um novo capítulo sem a estética única de George Miller seria uma porcaria. Por enquanto, só mês resta torcer para a Warner querer um pouco de qualidade ao invés de dinheiro no bolso. Pensamento idiota não é mesmo, mas o que posso fazer?

Enfim, esse novo capítulo da saga Mad Max, é inferior a seu antecessor, mas continua um primor narrativo e técnico como só mentes criativas e brilhantes como a de George Miller conseguem fazer. E por esse motivo é que vale muito a pena assistir “Furiosa: Uma Saga Mad Max”!

Ficha Técnica:

Título Original: Furiosa: A Mad Max Saga,

Título no Brasil: Furiosa: Uma Saga Mad Max

Gênero: Ação Pós-Apocalíptico

Duração: 148 minutos

Diretor: George Miller

Produção: Doug Mitchell, George Miller

Roteiro: George Miller, Nico Lathouris

Elenco: Anya Taylor-Joy, Alyla, Charlize Theron, Chris Hemsworth, Tom Burke, Lachy Hulme, Hugh Keays-Byrne, Hulme, George Shevtsov, John Howard, Angus Sampson, Nathan Jones, Josh Helman, Charlee Fraser, Elsa Pataky, Pataky, Dylan Adoni, Goran D. Kleut, David Collins, Matuse, Clarence Ryan, Bryan Probets, Quaden Bayles, Lee Perry, Richard Carter, Daniel Webber, David Field, Rahel Romahn, CJ Bloomfield, Ian Roberts, Guy Spence, Rob Jones, Tim Burns, Tim Rogers, Florence Mezzara, Peter Stephens, Mark Wales, Jacob Tomuri

Companhias Produtoras: Kennedy Miller Mitchell, Domain Entertainment

Distribuição: 20th Warner Bros. Pictures

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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