SINOPSE: John Wick (Keanu Reeves) continua sua vingança para destruir a Alta Cúpula. No entanto, as chances de escapar desta vez parecem quase impossíveis, pois o implacável Marquis Vicent de Gramont (Bill Skarsgård) representa a maior e mais poderosa ameaça até hoje, sendo capaz de transformar velhos amigos em inimigos, como é o caso do implacável Caine (Donnie Yen). Dessa vez não há caminho de volta, só um sobrevive.
Quando John Wick estreou em 2014, foi impossível não compara-lo com os filmes de ação estrelados por Bruce Willis no final da década de 1980. A forma como o Baba Yaga ia ficando estrupiado à medida que ele buscava sua vingança contra as pessoas que mataram seu cachorro, me lembrou muito John McClane em “Duro de Matar”.
Mas “John Wick” tinha um tom mais sisudo e as cenas de ação visavam mostrar que apesar de toda sua habilidade, era surrado, esfaqueado e baleado.
O sucesso do filme junto ao público foi tão grande que surpreendeu até mesmo o diretor Chad Stahelski. E a bilheteria de US$ 88 milhões, para um orçamento modesto de US$ 20 milhões, foram suficientes para a Lionsgate encomendar um novo longa-metragem. Nascia aí a franquia “John Wick”, com cada novo filme ficando maior e aprofundando mais nesse mundo de assassinos, sendo o terceiro longa-metragem o ápice, tanto nas sequências de ação como na mitologia.
“John Wick: Baba Yaga” começa mais lento e um pouco mais reflexivo que o terceiro filme. E até pelo início menos frenético, fiquei achando que as sequências de ação estavam um pouco inferiores em relação ao capítulo anterior. Mas essas sensações logo se dissiparam, pois esse filme pode não superar as sequências de ação do terceiro longa-metragem, mas estão no mesmo nível.
Porém percebi que houve uma amenização na violência quando a porradraia e o tiroteio estão comendo soltos. A plástica e coreografia das sequências de ação permanecem frenéticas e divertidas como as do filme anterior, mas com menos sangue evidente. Acredito que essa escolha por apresentar uma violência menos gráfica tenha o objetivo de conseguir uma classificação etária menor e assim alcançar um público maior.
Agora, se durante a exibição de “John Wick: Baba Yaga” você se sentiu vendo uma live de um game de luta, sua impressão foi a mesma que a minha. Esse quarto filme me lembrou muito os jogos de fliperama estilo “Final Fight”, com John Wick enfrentando dezenas de capangas para terminar lutando contra o boss da fase. A sequência na boate (sim, mais uma) deixa isso bem evidente, com nosso Baba Yaga sentando o braço nos bandindinhos e os frequentadores normais do estabelecimento continuarem dançando.
E se você ainda não se convenceu do que estou falando, então saiba que a melhor sequência de luta do longa-metragem é inspirada no game “Hong Kong Massacre”. Nessa sequência, a câmera se posiciona no teto do prédio e acompanhamos John Wick socando e atirando com uma escopeta carregada de munição incendiária. Vista de cima e com alguns planos sequências, esse é o ponto alto do filme.
“John Wick: Baba Yaga” utiliza toda a mitologia desenvolvida anteriormente na franquia, principalmente no terceiro filme, como palco de encerramento da história do Baba Yaga. Dessa forma, o quarto longa-metragem de John Wick estagna em termos de desenvolvimento narrativo, porém, não entenda isso como algo ruim.
E por falar em estagnação, os personagens não apresentam muitas mudanças em relação ao filmes anteriores da franquia: John Wick continua buscando vingança e redenção, Winston (Ian McShane) tenta recuperar seu poder como gerente do Continental de Nova York, Bowery King (Laurence Fishburne) continua querendo ferrar a Cúpula, Marquis Vicent de Gramont é o Big Boss da vez, o Anunciador (Clancy Brown) é o intermediador dos interesses da Alta Cúpula. Ou seja, cada personagem está no lugar certo e na hora certa.
Porém dois personagens não me empolgaram como achei que aconteceria, sendo o Ancião (George Georgiou) um deles. Sendo a pessoa que está acima da Alta Cúpula, sua presença nesse quarto filme só serve para reforçar a ideia que esse mundo de assassinos têm ligações diretas com os Ḥaxāxīn e mostrar que John Wick matará qualquer um.
Mas foi Caine, interpretado por Donnie Yen quem me frustrou mais. O personagem do artista marcial, que deu vida a Ip Man, veio para ser aquele que pararia John Wick, o matador do Baba Yaga. Porém esse confronto entre os dois maiores assassinos da franquia não acontece, pelo menos não dá forma que eu esperava.
Muito se especula se haverá um quinto capítulo da franquia. E apesar de Keanu Reeves e do diretor Chad Stahelski dizerem que querem dar um “descanso” ao Baba Yaga, um novo filme deve ser anunciado em breve, ainda mais quando “John Wick: Baba Yaga” arrecadou ,até o momento, US$ 304 milhões em bilheteria ao redor do mundo para um orçamento de US$ 100 milhões.
Mas enquanto o Baba Yaga “descansa”, a franquia John Wick segue a todo vapor, com “Ballerina”, filme estrelado por Ana de Armas, para 2024 e “Continental”, série que explorará o icônico hotel de assassinos.
Não há muito mais o que falar sobre o quarto capítulo do Baba Yaga, a não ser que ele é o filme mais honesto de 2023, entregando exatamente aquilo que você espera dele ao assisti-lo. Além de honesto, é o longa-metragem mais divertido do ano e por isso vale muito a pena assistir “John Wick: Baba Yaga”!
Ficha Técnica:
Título Original: John Wick: Chapter 4
Título no Brasil: John Wick 4: Baba Yaga
Gênero: Ação
Duração: 169 minutos
Diretor: Chad Stahelski
Produção: Basil Iwanyk, Erica Lee, Chad Stahelski
Roteiro: Shay Hatten, Michael Finch
Elenco: Keanu Reeves, Donnie Yen, Bill Skarsgård, Laurence Fishburne, Hiroyuki Sanada, Shamier Anderson, Lance Reddick, Rina Sawayama, Scott Adkins, Clancy Brown, Ian McShane, Natalia Tena, Marko Zaror, Saïd Taghmaoui, Bridget Moynahan
Companhias Produtoras: Summit Entertainment, Thunder Road Films, 87Eleven Productions
Distribuição: Lionsgate