SINOPSE: Baseado no conto de terror de Stephen King, em “Jerusalem’s Lot” vamos acompanhar o capitão Charles Boone (Adrien Brody), que se muda com a família para Chapelwaite após sua esposa morrer. Charles contrata como governanta Rebecca Morgan (Emily Hampshire), uma escritora no início de sua carreira, para ajudar a cuidar dos filhos, e que secretamente visa escrever histórias sobre os mistérios que cercam a família. Logo os Boone são confrontados com segredos de família, especialmente em relação a uma maldição que assombra a cidade por gerações, que geram medo e desconfiança e hostilidade por parte dos habitantes supersticiosos.
Stephen King é sem dúvida, um dos escritores com mais obras adaptadas para as mais variadas mídias. E com sua imensa bibliografia, as inúmeras produções seriadas e cinematográficas podem boas e ruins.
Dentre tantas histórias escritas por Stephen King, uma em especial é uma das mais queridas e elogiadas pelos leitores: “Salem’s Lot”. Essa obra é tão aclamada que fez o escritor revisitar a cidade de Jerusalem’s Lot outras duas vezes, sendo o conto que leva o nome da cidade, utilizado como base para a série “Chapelwaite”.
Jerulalem’s Lot além de ser uma espécie de prequel do livro “Salem’s Lot”, também é uma homenagem aos contos lovecraftianos que exploram o panteão de deuses ancestrais e ao livro “A Toca do Verme Branco”, escrito em 1911 por Bram Stoker. Com relação à novela do criador de “Drácula” não posso opinar, mas quem me conhece sabe o quanto sou fã das obras de Lovecraft e seu Horror Cósmico.
O grande atrativo da série é Adrien Brody, vencedor do Oscar de Melhor Ator em 2003. Depois de “O Pianista”, filme que lhe rendeu o prêmio, o ator jamais engrenou um outro trabalho de destaque. Mas esse fato, não desmerece o talento do ator, e em “Chapelwaite” vemos Brody entregando um personagem bastante interessante.
Adrien Brody interpreta o capitão Charles Boone, que resolve levar suas filhas para morarem em uma mansão deixada de herança pelo seu primo. Aqui já temos algumas mudanças em relação ao material original, já que no conto escrito por Stephen King, o personagem não tem família. A mudança feita em relação ao personagem, visa criar uma tensão maior entre os Boone e a cidade, já que eles são de descendência asiática. O preconceito com os filhos de Charles é evidente, já que estamos falando de uma cidade regida pelas fortes crenças religiosas do século XIX.
O exemplo acima é um entre outras mudanças em relação ao conto, mas a maior mudança em relação ao material original é a mescla do conto utilizado com base para a série e elementos do livro “Salem’s Lot”.
Charles Boone descobre em determinado momento que todas as mazelas que sua família sofre na cidade é por causa do De Vermis Mysteriis (“O Mistério do Verme” em tradução livre), um livro que contém uma forma de invocar o Verme Branco, uma criatura ancestral e abissal de tempos imemoriais.
No conto no qual a série se inspira, àqueles que entram em contato com esse grimório são amaldiçoados e acabam enlouquecidos com os conhecimentos arcanos contidos nele. A busca pelo livro leva Charles Boone à cidade fantasma de Jerusalem’s Lot, onde se depara com uma igreja que emana uma força repulsiva e assustadora. O desfecho dessa caçada ao De Vermis Mysteriis é no melhor estilo lovecraftiano e explica a relação dos Boone com o tomo amaldiçoado.
Na série, descobrimos que o De Vermis Myteriis é uma espécie de bíblia para criaturas da noite que têm causado uma doença na cidade vizinha de Jerusalem’s Lot. Esses seres são liderados por Jakub (Christopher Heyerdahl), que é tão antigo quanto os primeiros registros escritos da humanidade. Para quem leu “Salem’s Lot” vai entender a referência que farei agora: Jakub é algo similar a Barlow. Aliás, o Jakub de “Chapelwaite” e do conto original são totalmente diferentes.
Essa mistura de elementos de “Jerusalem’s Lot” com “Salem’s Lot” faz todo o sentido do ponto de vista comercial. Enquanto o conto é mais conhecido pelos fãs de Stephen King, o livro é um dos mais falados e elogiados da carreira do escritor, alcançando tanto os assíduos consumidores das obras do Mestre quanto os leitores em geral. Logo essa mistura, que é bem desenvolvida pelos roteiristas da série visa alcançar um público maior e fazer fã service.
Então, quando “Chapelwaite” entra no terreno de “Salem’s Lot”, todo o teor lovecraftiano do conto original se perde, permanecendo o De Vermis Myteriis como o único ponto de Horror Cósmico. E essa falta de “Lovecraft” diminuiu um pouco minha empolgação com a série. Mas meu interesse para saber o que acontece com a família Boone se manteve graças a um roteiro que dosa bem a razão mistério/revelação na narrativa.
No meu caso, é claro que senti falta de situações existentes no conto original, tais como a descoberta da causa dos barulhos no porão da mansão (que é simplesmente assustador) ou a parte final, que mostra a invocação do Verme Branco.
Mas essas situações na série não acontecem? No caso dos barulhos no porão da mansão, na série não ocorre e no caso da invocação do Verme Branco, temos o ritual, mas o desfecho é diferente do conto original.
Por falar no desfecho da série, admito que foi um pouco frustrante devido ao embate entre o grupo de Charles Boone e Jakub e sua seita. Pelo temor que a narrativa de “Chapelwaite” cria em cima dessas criaturas, esperava uma dificuldade maior por parte do nosso capitão e seus amigos.
Mesmo com todas as diferenças entre o material original e a série, a narrativa é bem fluida, prendendo sua atenção e criando a expectativa na medida certa para acompanharmos a história até o fim. Por esses motivos é que vale a pena assistir “ChapelWaite”.
Ficha Técnica:
Título Original: Chapelwaite
Título no Brasil: Chapelwaite
Gênero: Terror
Temporadas: 1ª
Episódios: 10
Criadores: Peter Filardi, Jason Filardi
Diretores: Burr Steers, Jeff Renfroe, Jeff Kosar, Rachel Leiterman, David Frazee, Michael Nankin
Elenco: Adrien Brody, Emily Hampshire, Jennifer Ens, Sirena Gulamgaus, Ian Ho, Christopher Heyerdahl, Julian Richings, Steven McCarthy, Gord Rand, Geneviève DeGraves, Devante Senior, Tina Corkum, Deam Armstrong, Allegra Fulton, Eric Peterson, Sebastien Labelle
Companhias Produtoras: De Line Pictures, Epix Studios, MGM, Stage 6 Films, Epix, Sony Pictures Television
Transmissão: HBO Max