SINOPSE: Uma vez ao ano, em uma pequena cidade isolada chamada Barrow, no extremo norte do Alasca, nos Estados Unidos, o sol se põe e não nasce por trinta dias seguidos. Entre as esquinas macabras, becos escuros e uma espessa cortina de neve, criaturas milenares aproveitam os trinta dias de noite para atacar os moradores da cidade sem medo e reprimir sua insaciável sede de sangue. Esses vampiros não são bonitos ou sensíveis. São brutais, desprezíveis, cruéis ― animais que caçam e matam sem escrúpulos. Barrow é a cidade perfeita.
Lembro que lá por 2007, fui à locadora alugar alguns filmes, quando me deparei com um DVD intitulado “30 Dias de Noite”. Na capa dizia que era “o filme de vampiros mais aterrorizante já feito.”, e na parte de trás do encarte, tinha algumas imagens dos vampiros. A aparência deles me chamou a atenção e resolvi locar o filme. À medida que fui assistindo o filme, fui ficando impressionado com o nível de violência dos vampiros e com a história. Terminando de ver o DVD, minha opinião foi de que essas eram as criaturas sugadoras de sangue que sempre quis ver.
Algum tempo depois de ter assistido ao filme, descobri que “30 Dias de Noite” era uma adaptação de uma HQ homônima, escrita por Steve Niles e ilustrada por Ben Templesmith. Mas só fui ler os quadrinhos agora, em 2019, graças a editora Darkside que trouxe para o Brasil, a edição comemorativa de 15 anos, lançada nos EUA em 2017.
O trabalho editorial da Darkside está impecável, uma marca registrada da editora. Em capa dura e com uma caixa / jaqueta, a edição de “30 Dias de Noite” da Darkside reúne as histórias 30 Dias de Noite, Retorno a Barrow e Dias Sombrios, que trazem todo o arco narrativo de Barrow, e de Eben e Stella Olemaun. Edição belíssima que merece um destaque na estante.
Mas a Darkside apesar do excelente trabalho gráfico e editorial, “30 Dias de Noite” tem alguns problemas em termos de narrativa e ilustração.
Uma das coisas que mais me incomodam nas histórias de vampiros, é o fato de quase sempre serem representados como figuras superiores e aristocráticas, herança de obras como “Drácula” de Bram Stoker e mais recentemente , “Entrevista Com o Vampiro” de Anne Rice. “30 Dias de Noite” traz vampiros um pouco menos educados e mais brutais, mas ainda apresentam alguns resquícios dos vampiros clássicos.
Para que se tenha uma boa HQ, são necessários um enredo interessante e uma ilustração que consiga dar vida para a história. “30 Dias de Noite” tem as artes de Ben Templesmith, que utiliza uma paleta de cores de modo a trazer uma história sombria e violenta. A cidade de Barrow é carregada de preto e cinza, conseguindo passar a sensação de um local sem a luz do Sol e de temperaturas sempre abaixo de zero graus Celsius. Mesmo as cenas ensolaradas possuem um tom bege (pelo menos, me pareceu bege), mostrando que os dias não são tão quentes e seguros.
O que me incomodou bastante na ilustração de Ben Templesmith, é o seu traço. O ilustrador não se preocupa com elementos simples como cadeiras, quadros, portas, portões e outros, querendo que nosso foco fique nos personagens. Seus desenhos querem passar a sensação de caos e desordem, mas às vezes essa despreocupação com os detalhes tornam o entendimento da história bem confuso. E essa confusão não foram casos pontuais, ocorrendo em vários momentos. Em uma HQ carregada de preto e cinza, precisei parar a leitura várias vezes para poder identificar elementos que pareciam escondidos, e assim entender o que estava acontecendo.
Esse incômodo que senti com a ilustração de Ben Templesmith, talvez venha um pouco do fato de que gosto um pouco mais de HQs que possuam um traço menos caótico e um pouco mais detalhista.
Apesar desses pontos negativos, “30 Dias de Noite” reinventa as histórias de vampiros, trazendo criaturas que lembram bastante o visual conde Graf Orlock, o Nosferatu, mas com feições mais bestiais. A violência dos vampiros criados por Steve Niles chama a atenção e nos proporcionam cenas brutais e cheias de muito sangue. Apesar de serem inteligentes, as criaturas de “30 Dias de Noite” são caçadoras implacáveis quando o assunto é se alimentarem.
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Como diz a sinopse da Amazon sobre a HQ: “Steve Niles e Bem Templesmith criam uma releitura moderna de uma figura icônica na cultura pop e faz seus personagens ficarem a um passo do abismo na luta pela sobrevivência em uma cidade fria, escura, isolada e favorável a predadores impiedosos.”
Concordo em gênero, número e grau com essa parte da sinopse da Amazon. E por trazer uma história inovadora, que foge do “mais do mesmo” quando o assunto são vampiros, é que VALE A PENA LER “30 Dias de Noite”.
![]() | Ficha Técnica: Título Original: 30 Days of Night Título no Brasil: 30 Dias de Noite Autor: Steve Niles Ilustrador: Ben Templesmith Tradutor: Paulo Cecconi Capa: Dura Número de páginas: 368 Editora: Darkside Idioma: Português |
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