Impossível não falar de terror e não falarmos da literatura presente nesse gênero. E falando mais especificamente de obras literárias voltadas para o terror, é claro que um nome vem à nossa mente: Stephen King.
Alguns números do escritor impressionam: são cerca de 64 romances e 200 contos, que totalizam cerca de 400 milhões de cópias vendidas em mais de 40 países, sendo o 9º autor mais traduzido do mundo.
Enveredando por vários gêneros: ficção científica, drama, fantasia, suspense; sempre que falamos de Stephen King o associamos ao terror, sendo intitulado por muitos, inclusive por esse que vos fala, como o Mestre do Terror Contemporâneo.
Na minha coleção devo ter mais de 40 livros do autor, sendo que devo ter lido em torno de 30. Porém nem tudo que sai das mãos e da mente de Stephen King escreve é bom. Por isso resolvi listar meus 5 melhores livros de terror de Stephen King.
Antes de começar, você vai notar que alguns livros famosos e idolatrados do Mestre do Terror não aparecerão nessa lista, entre eles: “It: A Coisa” e “A Dança da Morte”. O motivo é que esses livros demonstram a prolixidade de Stephen King de forma negativa: são páginas e mais páginas que só tornam a história maçante. Mas vale ressaltar que essa mesma prolixidade é um dos maiores fatores para o sucesso do escritor, pois poucos conseguem construir tão bem personagens e ambientes como ele.
Bom chega de enrolação de vamos aos meus 5 melhores livros de terror de Stephen King.
O Iluminado (1977)
SINOPSE: Quando Jack Torrance consegue o emprego de zelador no velho hotel, todos os problemas da família parecem estar solucionados. Não mais o desemprego e as noites de bebedeiras. Não mais o sofrimento da esposa, Wendy. Tranquilidade e ar puro para o pequeno Danny livrar-se das convulsões que assustam a família. Só que o Overlook não é um hotel comum. O tempo esqueceu-se de enterrar velhos ódios e de cicatrizar antigas feridas, e espíritos malignos ainda residem nos corredores. O hotel é uma chaga aberta de ressentimento e desejo de vingança. É uma sentença de morte. E somente os poderes de Danny podem fazer frente à disseminação do mal.
Começando com uma quase unanimidade dentro da vasta bibliografia de Stephen King, “O Iluminado” traz um tema bem recorrente em suas obras: o local é o próprio mal. O hotel Overlook foi palco de mortes e acontecimentos brutais, que foram maculando e amaldiçoando o local com rancor, ódio, raiva. Quando Danny Torrance, o mais forte iluminado que já surgiu entre nós, chega ao local, tudo piora, pois seus poderes são o combustível para que as forças malignas assumam presença física.
A história é bem construída e conduzida pois a tensão e o terror dentro do Overlook vai em uma crescente enquanto viramos as páginas do livro. O clima de opressão e claustrofobia é palpável já que a nevasca impede da família Torrance fugir do Overlook.
Com algumas cenas icônicas como a sequência do quarto 217 e o rio de de sangue, o desfecho envolve a possessão e a transformação de Jack pela força maligna do Overlook.
O Cemitério (1983)
SINOPSE: Louis Creed, um jovem médico de Chicago, acredita que encontrou seu lugar em uma pequena cidade do Maine. A boa casa, o trabalho na universidade e a felicidade da esposa e dos filhos lhe trazem a certeza de que fez a melhor escolha. Num dos primeiros passeios pela região, conhecem um cemitério no bosque próximo à sua casa. Ali, gerações de crianças enterraram seus animais de estimação. Mas, para além dos pequenos túmulos, há um outro cemitério. Uma terra maligna que atrai pessoas com promessas sedutoras. A princípio, Louis Creed se diverte com as histórias fantasmagóricas do vizinho Crandall. No entanto, quando o gato de sua filha Eillen morre atropelado e, subitamente, retorna à vida, ele percebe que há coisas que nem mesmo a sua ciência pode explicar
Outro livro em que o mal é um local. “O Cemitério” trata de luto e da dificuldade de superar perdas, que em alguns casos levam as pessoas à loucura. Nesse contexto um local onde reside uma força maligna oferecendo o retorno das pessoas amadas se torna um verdadeiro estopim para o terror.
Mal explorado em todas as suas adaptações para o cinema, no livro vemos que o cemitério indígena é quase uma entidade maligna senciente, pois ele seduz com promessas de retorno. O objetivo? Se espalhar, através dos “ressuscitados”, para além de suas fronteiras. Além disso, o local é habitado por um wendigo, uma criatura sobrenatural que atrai os enlutados para o cemitério indígena.
O misticismo e a mitologia criados para “O Cemitério” são fatores que atraem os leitores, além de atiçar a curiosidade e a imaginação à respeito do local maldito.
Mr. Mercedes (2014)
SINOPSE: Ainda é madrugada e, em uma falida cidade do Meio-Oeste dos Estados Unidos, centenas de pessoas fazem fila em uma feira de empregos, desesperadas para conseguir trabalho. De repente, um único carro surge, avançando para a multidão. O motorista do Mercedes acelera, recua, acelera novamente e não descansa até atropelar o máximo de pessoas que consegue, deixando oito mortos e vários feridos. Ele escapa impune. Meses depois, ao receber uma carta de alguém que se autodenomina o Assassino do Mercedes, o ex-detetive Bill Hodges desperta de sua aposentadoria deprimida e resolve encontrar o culpado por conta própria.
“Mr. Mercedes” ao contrário dos livros dessa lista, não possui elementos sobrenaturais, mas engana-se quem pensa que o terror não está presente. Brady Hartsfield é um pesadelo em forma de pessoa. A cena inicial do livro que mostra o atropelamento é assustadora, muito pelo sadismo de Hartsfield, que não contente por passar por cima de várias pessoas na primeira investida, dá a volta com o carro e volta à sua carga assassina.
Um assassino frio e sem remorso que tem como objetivo ser lembrado por gerações por causa de seus assassinatos brutais, Hartsfield tem a missão especial de fazer seu caçador, o policial aposentado Bill Hodges, sua principal vítima.
Um destaque especial de “Mr. Mercedes” é a presença de Holly Gibney, uma das personagens mais interessantes que Stephen King já criou em sua prolifica carreira.
Outsider (2018)
SINOPSE: O corpo de um menino de onze anos é encontrado abandonado no parque de Flint City, brutalmente assassinado. Testemunhas e impressões digitais apontam o criminoso como uma das figuras mais conhecidas da cidade: Terry Maitland, treinador da Liga Infantil de beisebol, professor de inglês, casado e pai de duas filhas. O detetive Ralph Anderson não hesita em ordenar uma prisão rápida e bastante pública, fazendo com que em pouco tempo toda a cidade saiba que o Treinador é o principal suspeito do crime. Porém mesmo com amostras de DNA para corroborar a acusação, Maitland tem um álibi. Conforme a investigação se desenrola, a história se transforma em uma montanha-russa, cheia de tensão e suspense.
Pai e esposo amado, membro respeitado e querido da comunidade, acaba sendo preso por matar e sodomizar uma criança. O problema é que mesmo que tenham provas que demonstrem que ele é o assassino, também existem evidências cabais de sua presença há centenas de quilômetros de distância do local do crime e na mesma data. Como isso é possível?
Como “Mr. Mercedes”, “Outsider” segue o tom de investigação policial, mas existe um elemento sobrenatural muito forte: El Cuco. Qual a relação dessa criatura insidiosa com Maitland? Terry parece ser uma boa pessoa, mas será que isso não passa de uma máscara?
Apesar do ritmo mais lento de leitura, a tensão e suspense permeiam as páginas de “Outsider” e prendem a atenção do leitor. Além disso, talvez seja o livro de Stephen King que tenha os personagens mais bem escritos por ele.
Desespero (1996)
SINOPSE: A rodovia 50 é conhecida como a autoestrada mais solitária dos Estados Unidos. Atravessando o deserto sob um calor brutal, seguem por ali alguns viajantes que talvez jamais cheguem a seus destinos. Quando eles se deparam com um gato morto espetado na placa que indica a cidade de Desespero, começam a desconfiar que há algo de estranho acontecendo na rodovia. Mas a realidade é muito mais macabra do que qualquer um deles seria capaz de supor, e começa a se revelar na figura de Collie Entragian, um policial gigante que se considera a única lei da região, o juiz implacável. Será preciso uma boa dose de coragem para duvidar de suas palavras… Tak!
Para encerrar a lista, falo do melhor livro de Stephen King que já li (tirando, claro, “A Torre Negra”, que considero a obra-prima do Mestre).
“Desespero” já começa a mil por hora, mostrando pessoas presas em uma delegacia e sendo vigiadas pelo xerife da cidade. Mas algo está errado com o oficial da lei: seu corpo é desproporcionalmente grande e sua pela parece que está rasgando. Descobrimos então que o abandono da cidade e o estranho policial Collie Entragian, remete á uma força liberada das profundezas de uma mina abandonada.
“Desespero” dosa bem o terror e a tensão, com uma narrativa que sabe acelerar e diminuir o ritmo na hora certa., além de contar com referências às próprias obras de Stephen King (uma criança iluminada presa na delegacia) e ao Horror Cósmico (a força maligna que habita as profundezas da mina).
Menções Honrosas
Como é vasta a bibliografia de Stephen King, as menções honrosas nessa lista seriam muitas. “Carrie” e “A Hora do Vampiro” entrariam fácil, por exemplo. Por isso prefiro citar dois livros que apesar de não serem tão bons quanto os cinco acima no quesito terror, apresentam elementos que os credenciam a serem destacados aqui.
Revival (2014)
SINOPSE: Em uma cidadezinha na Nova Inglaterra, mais de meio século atrás, uma sombra recai sobre um menino que brinca com seus soldadinhos de plástico no quintal. Jamie Morton olha para o alto e vê a figura impressionante do reverendo Charles Jacobs. Jamie e o reverendo passam a compartilhar um elo ainda mais forte, baseado em uma obsessão secreta. Até que uma desgraça atinge Jacobs e o faz ser banido da cidade. Décadas depois, Jamie, um viciado em heroína, perdido e desesperado, reencontra o antigo pastor. O elo que os unia se transforma em um pacto que assustaria até o diabo, com sérias consequências para os dois, e Jamie percebe que reviver pode adquirir vários significados.
Quase uma autobiografia de Stephen King, em sua época de álcool e drogas, “Revival” é uma das leituras mais lentas e cansativas do escritor. Mas se demoramos para ler “Revival” por causa do seu ritmo narrativo, o final, inspirado no Horror Cósmico de H. P. Lovecraft, é na minha opinião, o mais assustador já escrito por Stephen King, mostrando que o que há após a morte é muito pior que qualquer coisa existente em vida.
Sob A Redoma (2009)
SINOPSE: Um dia como outro qualquer em Chester’s Mill, no Maine, até que ela é isolada do resto do mundo por um campo de força invisível. Aviões explodem quando tentam atravessá-lo e pessoas trabalhando em cidades vizinhas são separadas de suas famílias. Ninguém consegue entender o que é essa barreira, de onde ela veio e quando – ou se – ela irá desaparecer. Os moradores de Chester’s Mill percebem que terão de lutar por sua sobrevivência. Pessoas morrem e aparelhos eletrônicos entram em pane ao se aproximar da redoma, e a questão só se agrava quando a cidade se vê exposta às graves consequências ecológicas da barreira.
A sinopse já diz tudo. O terror aqui se baseia em dois fatores: o pouco tempo que os habitantes de Chester’s Mill têm para descobrir a origem da redoma e uma forma de desfazê-la, e combater a crueldade humana em sua forma mais primitiva.
Os calhamaços de Stephen King geralmente apresentam um dos defeitos na escrita de Stephen King, que é a famosa encheção de linguiça: páginas e mais páginas que poderiam facilmente serem cortadas na revisão de texto. Porém, “A Redoma” é uma exceção bem-vinda.
Um livro instigante que prende sua atenção desde o início. E ao contrário de outros livros maiores do escritor, em termos de número de páginas, a leitura de “Sob A Redoma” é rápida e ágil, um verdadeiro vira-páginas.