“Qual foi o primeiro filme que você assistiu?”
Essa foi uma pergunta que um amigo meu fez e que não soube responder, pois desde que me entendo por gente, assisto filmes, seja na televisão, no cinema, e agora no streaming.
Já comentei antes em outras resenhas que publiquei no Cinemaníacos que desde meus sete, oito anos já via filmes que não eram muito recomendados para crianças como “O Exorcista” e “Poltergeist”. Dois foram os motivos que me permitiram assistir a esse tipo de longas-metragens. O primeiro era a disponibilidade na TV. A “Sessão das Dez” (“que começa às 11”, como dizia o Sílvio Santos) e o “Domingo Maior” eram programas dedicados a filmes que só podiam passar após as 22 horas por causa da censura (sim, sou dessa época). O segundo motivo era o meu pai que nunca me proibiu de assisti-los e que somente me alertava que eu apanharia se depois não dormisse.
Falando no meu pai, ele é responsável pelo meu amor pela Sétima Arte. Cinéfilo assumido, sempre que possível, ia ao cinema ver algum filme. E sempre que podia, me levava junto para passar algumas horas diante da telona de uma sala de exibição, comendo pipoca e tomando refrigerante.
Quando íamos juntos, meu pai permitia que eu escolhesse o filme, mesmo que por causa da censura, não fosse permitido para uma criança de menos de 10 anos. Porém, isso nunca impediu nós dois de assistir o que queríamos. Várias foram as vezes que meu pai negociou com lanterninha que dizia: “Esperem aqui fora e quando a sessão começar, vocês compram os ingressos e entram de fininho”. Muitos foram os filmes que assistimos através desse “esquema”, mas “Os Aventureiros do Bairro Proibido” é o filme que vem de imediato.
Mesmo quando não íamos ao cinema, procurávamos algum filme para ver na TV a cabo ou alugávamos uma fita de videocassete ou um dvd. “Gladiador”, “O Resgate do Soldado Ryan”, “À Espera de Um Milagre”, são alguns dos muitos títulos que assistíamos e depois ficávamos boas horas discutindo sobre os longas-metragens.
Porém, tanto meu pai como eu, apreciávamos o cinema por um motivo muito importante: a diversão que os filmes nos proporcionavam, o tempo em que nos desligávamos do mundo e adentrávamos na história contada. E então chegamos ao âmago da minha paixão pelo cinema: diversão. Sou da geração blockbuster de 1980, então alguns gêneros me atraem mais que os outros, porém mesmo um filme de terror, meu gênero preferido, pode ser algo que me desagrade profundamente caso não me divirta ao assisti-lo.
Não vou ser hipócrita e dizer que gosto de todos os gêneros do cinema. Costumo evitar comédias e animações em geral. Musicais, que são um dos pilares da indústria cinematográfica, não me atraem. Porém já assisti a algumas produções dessas que me divertiram muito como “Shrek” e “Cantando na Chuva”.
Publico resenhas sobre filmes (e séries) faz algum tempo e acredito ser importante conhecermos, mesmo que um pouco, os aspectos técnicos das produções como roteiro, atuação, fotografia, direção. Porém, busco mais que uma análise técnica superficial (afinal não sou formado e nem passo horas estudando sobre cinema), tentando transmitir as emoções vividas enquanto assisti a determinado longa-metragem.
É por isso que acho tão difícil escrever sobre um filme que gostei muito, enquanto falar porque não apreciei determinada produção me parece tão simples.
Juntamente com a diversão, vem o encantamento sofrido ao assistir determinado filme. Esses dois sentimentos são primordiais para que eu ache um filme tão bom ou tão legal. Quer um exemplo? Meu filme de terror preferido é “Evil Dead” de 1981. Hoje uma produção extremamente datada em tantos sentidos, sempre me proporciona 85 minutos de pura diversão e encantamento.
“Evil Dead” está em uma lista enorme de filmes, dos mais variados gêneros, que sempre assisto quando tenho oportunidade. No terror: “Halloween” de 2018, o remake de “Evil Dead” e “Silêncio em Silent Hill”. Na ação: “The Raid” e “Matrix”. Na ficção científica: “Alien” (“O Oitavo Passageiro” e “O Resgate”), “A Origem” e “O Enigma do Outro Mundo “. No drama: “À Espera de Um Milagre”, “À Procura da Felicidade”. De guerra: “O Resgate do Soldado Ryan” e “Falcão Negro em Perigo”. De super-heróis: “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, “Batman” (2022), Homem-Aranha 2 (2004) e “Vingadores” (“Guerra Infinita” e “Ultimato”. No gênero Policial / Suspense: “O Silêncio dos inocentes”, “Seven”, “O Abutre” e “Jogos Mortais “. De fantasia: a trilogia “O Senhor dos Anéis”. Épicos: “Gladiador” e “Tróia” (sendo esse, o último filme que vi com meu pai antes de falecer).
Essa lista é uma pequena parcela de filmes que sempre que posso revejo quantas vezes forem possíveis. E os motivos para reassísti-los é a diversão e o encantamento que eles me proporcionam.
E depois de tanta explicações, preciso corrigir uma de minhas resenhas. Escolho meu Top 3 de Melhores Filmes antes de ter o Cinemaníacos e sempre me baseei no tripé qualidade técnica, diversão e encantamento. Em 2021 vi muitos longas-metragens que poderiam estar no meu pódio, mas dois sempre despontaram como favoritos: “Duna” e “Eternos”.
Na época ambos os filmes corresponderam às minhas expectativas, mas “Eternos” me empolgou mais e “Duna” tem uma determinada cena que me incomoda até hoje pela trilha sonora. Dessa forma, o longa-metragem messiânico da Marvel ficou com a medalha de ouro de 2021.
Mas o tempo foi passando e algo aconteceu. “Eternos” é original quando comparado aos demais filmes do MCU e mesmo disponível no Disney+, não me empolga em assistí-lo uma terceira vez. Agora, sempre que “Duna” vai passar na HBO, me programo pois quero vê-lo do início ao fim (e quando isso não acontece, fico frustrado), sem interrupções (o celular fica no silencioso e longe das minhas mãos).
E essa vontade de ver “Duna” de novo, de novo e de novo; é porque sempre me divirto e acabo encantado por tudo que ele apresenta durante seus 155 minutos de exibição. E não tenho dúvidas que essa alegria e encantamento sempre estarão presentes nas próximas vezes que assistirei a esse filme.
“Duna” pode não ter levado as categorias mais importantes do Oscar em 2021 (Melhor Roteiro, Melhor Direção e Melhor Filme), mas abocanhou 6 estatuetas (Melhor Som, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Edição, Melhor Design de Produção, Melhor Fotografia e Melhores Efeitos Visuais), definindo-o como tecnicamente muito bom.
O cinema foi inventado para entreter e fascinar as pessoas e dessa forma, preciso corrigir meu Top 3 de Melhores Filmes de 2021 colocando “Duna” no seu lugar de direito, tanto pela sua qualidade técnica, como por sua capacidade de me divertir e me encantar!
E aqui deixo o link para o Top 3 de Melhores Filmes de 2021 retificado, com seus representantes em seus devidos lugares de direito.