“Livros São Um Mundo Com Mundos Dentro”
SINOPSE: “N.” é uma história pesada. Logo no começo, o leitor sabe que o dr. Bonsaint, um psicanalista, se suicidou e que sua irmã tenta entender os motivos que o levaram a essa atitude extrema. Dedicada a explorar os medos, as inseguranças e as obsessões dos personagens, a história avança por meio de documentos e relatos de Bonsaint, bem como das sessões de análise com N., um homem que sofre de grave problema de TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) e não consegue parar de procurar padrões em tudo que cruza o seu caminho. Aos poucos, os leitores vão se familiarizando com as origens do problema de Bonsaint e de N., conforme a obsessão do protagonista por uma formação de pedras no estilo de Stonehenge se aprofunda e o leva a um misterioso caminho sem volta.
“N.” de Stephen King, é um exemplo de porque histórias em quadrinhos são chamadas de a Nona Arte. Uma obra-prima que merece ser lida, seja você fã ou não do Mestre.
Por ser fã de carteirinha, é muito difícil não elogiar as histórias que saem da cabeça de Stephen King. Mas li obras do autor que achei ruins como “Jogo Perigoso” ou mornas como “Cujo”, que é considerado um ótimo livro pela maioria dos leitores do Mestre. Diante desse comentário, posso ser imparcial em dizer que, “N” é um desses trabalhos geniais do autor, mostrando como estava totalmente inspirado e em grande forma ao dar vida à essa história.
“N” é inspirado na novela “O Grande Deus Pan” do escritor galês Arthur Machen (1863- 1947). Mas também percebemos como Stephen King é influenciado pelo gênero conhecido como Horror Cósmico. Ao longo das páginas desta HQ, o autor explora o principal elemento desse gênero: pessoas normais que enlouquecem até a completa ruína mental, ao se depararem com algo muito maior que eles, que a compreensão humana jamais conseguirá entender.
Em “N”, temos pessoas comuns, que ao viajarem para uma cidadezinha remota próxima ao Maine, encontram um local com Setes Pedras (ou seriam Oito?), que emanam uma atração irresistível de tocá-las. E ao tocar nessas Pedras, são revelados segredos que mostram à essas pessoas como são insignificantes, que suas vidas nada significam diante de algumas verdades que nenhum homem deveria conhecer. Sobra então a elas, o desespero e a loucura.
A adaptação de “N” para uma HQ, ficou a cargo de Marc Guggenheim que escreveu o roteiro, e de Alex Maleev que desenhou a arte das páginas. Essa dupla possui um currículo de respeito: Guggenheim já escreveu histórias dos X-Men, e Maleev já desenhou HQs do Demolidor. Essa dupla conseguiu, seja pelos ótimos diálogos, seja pelos excelentes desenhos, transmitir todo o ambiente sombrio e alienígena que “N.” possui, fazendo o leitor imergir completamente na história.
“N.” tem algum aspecto negativo? É claro que tem. A leitura e a arte são tão boas que quando você percebe, a história já acabou. A HQ deixa o leitor com um várias perguntas e dúvidas, tais como: o que é que existe dentro das Setes Pedras (ou seriam Oito)? E o que essas Pedras guardam, que é tão terrível ao ponto de destruir, não só a sanidade de uma pessoa, mas também toda a humanidade?
“N.” mostra como é genial e deturpada a mente de Stephen King, e faz muitos leitores mundo afora, inclusive eu, o considerarem o Mestre do Horror. O autor consegue como poucos, demonstrar que esses encontros com o sobrenatural e o inexplicável devem ser evitados, pois as consequências podem resultar na ruína total do ser humano.
“N.” é uma das melhores histórias que Stephen King já escreveu, e uma das melhores HQs que já li até hoje. E o autor deixa, nas palavras de Marc Guggenheim, uma conclusão que na verdade é um convite, para que você faça parte da história. E então, você se atreveria?
VALE MUITO A PENA ler “N.”!
![]() | Ficha Técnica: Título Original: N. Título no Brasil: N. Autor: Stephen King, Marc Guggenheim Ilustrador: Alex Maleev Tradutor: Érico Assis Capa: Dura Número de páginas: 128 Editora: Darkside |