SINOPSE: Moiraine (Rosamund Pike) é uma Aes Sedai, organização extremamente poderosa de mulheres que canalizam o Poder Único. Ela tem a importante missão de viajar junto com cinco jovens do vilarejo de Dois Rios em uma jornada perigosa e emocionante. A organização acredita que um desses jovens é o Dragão Renascido, o canalizador do Poder Único mais poderoso que já existiu e que tem como objetivo salvar o mundo ou destruí-lo.
No final de 2019 a Amazon chegava com toda sua força financeira e adquiria os direitos para adaptar três séries literárias: “A Torre Negra”, “A Roda do Tempo” e “O Senhor dos Anéis”.
A série de fantasia de Stephen King não foi para adiante, sendo a adaptação cancelada ainda nos estágios iniciais.
A obra máxima de Tolkien é a jóia da coroa da Amazon Prime Vídeo e tem duas temporadas garantidas e mais três planejadas a um custo de US$ 1 bilhão. E a terceira série adaptada estreou esse ano cercada de expectativas para quem gosta de fantasia. Estou falando de “A Roda do Tempo”.
No meu caso, a ansiedade e a expectativa eram muito maiores já que sou muito fã dos livros, fazendo parte da minha lista dos 6 Melhores Livros de Fantasia Que Já Li.
A primeira coisa que me preocupou em relação a adaptação é que “A Roda do Tempo” é uma obra bem extensa e descritiva. A série literária de Robert Jordan e de Brian Sanderson (que escreveu os últimos livros após a morte de Jordan) possui 14 volumes, com 700 páginas em média por volume. Com essa informação, é preciso dizer que o criador da série, Rafe Judkins, conseguiu com certa competência explorar os principais fatos de “O Olho do Mundo”, e trazer uma primeira temporada da série coesa e empolgante na maioria dos episódios.
Porém achei a primeira temporada muito corrida. Com apenas oito episódios a série não pôde explorar melhor pontos-chaves do primeiro livro de “A Roda do Tempo” como por exemplo a estadia em Shadar Logoth ou travessia de Moiraine e cia. pelos Caminhos.
Mas acredito que o arco que mais sofreu com essa pressa, foi o desfecho de “O Olho do Mundo”. O próprio significado e importância do local que dá nome ao primeiro livro nem foi mencionado, só servindo para ser o palco do grande confronto. A própria luta do Dragão Renascido com o “Tenebroso” é bem simples devido ao poder que esses dois personagens possuem.
Mas devido ao sucesso que “A Roda do Tempo” fez, acredito que a Amazon Prime Vídeo deva autorizar Rafe Judkins e os produtores da série a colocarem mais episódios por temporada e assim explorar com mais calma os pontos-chaves dos demais livros.
Mas tirando essa “pressa” da primeira temporada, “A Roda do Tempo” impressiona pelos seus aspectos técnicos. O ótimo trabalho de fotografia, com locações e cenários belíssimos, conseguem dar vida ao mundo onde o Poder Único e a Roda tecem o destino das eras.
O figurino mescla o medieval existente nos livros com algo mais contemporâneo dando um senso de realidade e praticidade à vestimenta dos personagens. Um exemplo disso é Moiraine que nos livros usa vestidos que não são nada adequadas a sua vida de exploração. Na série, ela usa roupas mais práticas e condizentes com seu estilo.
Com um orçamento robusto para produzir a primeira temporada de “A Roda do Tempo”, a maquiagem e os efeitos especiais estão muito bons. Isso fica bem claro já no primeiro episódio, no ataque do trollocs a Dois Rios. As criaturas metade homem, metade animais, que compõem a infantaria do Tenebroso, estão bestiais e assustadoras. E o CGI foi muito bem utilizado para dar fluidez e naturalidade a eles.
Agora é na utilização dos do Poder Único que a série mostra que realmente se preocupou em ser fiel aos elementos fantásticos dos livros. No caso das Aes Sedai, vemos o uso do Saidar (a metade feminina da Fonte Verdadeira) em uma espécie de ondas de névoas brancas que se movem de acordo com o balé executado por elas. Aliás, os movimentos de mãos e do corpo das Aes Sedai para manipular o Saidar é muito legal e muito parecido com o que imaginei ao ler os livros.
Já o Saidin (a metade masculina da Fonte Verdadeira) é amaldiçoada pelo Tenebroso, então quando os homens a utilizam, vemos as mesmas ondas brumosas que cercam as Aes Sedai, mas que vai sendo maculada por um espécie de escuridão que polui o Saidin. Essa ideia dos produtores da série foi genial, pois nos livros, os homens que manipulam esse poder o descrevem como algo poderoso, mas sujo com cheiro e gosto de algo negro como piche .
Mas voltando à utilização do Poder Único, o CGI consegue dar vida a toda grandiosidade e força que tal fonte mágica possui. Raios caindo do céu e explodindo tudo que tocam, ventos poderosos e manipulação e arremesso de pedras pesada e outros objetos. Essas sequências são simplesmente fodas demais.
E mais uma vez, volto a dizer que a batalha entre o Dragão Renascido e o “Tenebroso” foi muito malfeita, porque nesse mesmo episódio vemos As Sedai e outras mulheres capazes de canalizar, matando milhares de trollocs em uma tempestade de raios gigantesca.
Antes de terminar essa resenha preciso falar do casting de “A Roda do Tempo”. A escalação de Rosamund Pike para viver Moiraine Sedai foi acertada tanto pelo seu talento incrível, que lhe rendeu um Emmy Awards e várias indicações ao Oscar. Os demais atores e atrizes desempenham de forma competente suas funções. Ninguém do elenco, nem mesmo Rosamund Pike, se destacam demais, o que é algo bom, já que a história se torna o personagem principal.
“A Roda do Tempo” teve sua segunda temporada garantida antes mesmo da sua estreia, sendo que ela já está gravada e deve ficar disponível na Amazon Prime Vídeo por volta do segundo semestre de 2022.
A Amazon está tão feliz com o resultado que tem planos para adaptar todos os 14 livros, algo que acho que não vai acontecer. Falo isso, pois se seguirem o projeto de um volume por ano, seriam quatorze anos! Se eu pudesse opinar, dobraria a quantidade de episódios por temporada e dessa forma adaptar mais de um livro por ano.
Bom há de ser o que a Roda tecer.
“A Roda do Tempo” é acelerada sem necessidade e faz algumas mudanças narrativas em relação aos livros, mas nada que tire o brilho e genialidade da obra original. O que vemos ne telinha é uma série de alta fantasia que precisava ser feita. Grandiosa e que pode se tornar maior e épica se os produtores abraçarem o tamanho da história que a obra literária possui.
Com um bom ritmo narrativo, ótimos elementos fantásticos e a utilização competente dos elementos técnicos, a série empolga e instiga a assisti-la e atiça nossa curiosidade para ver o que virá na segunda temporada.
Dito tudo isso, é claro que vale muito a pena assistir “A Roda do Tempo”! E que venha logo a segunda temporada.
Ficha Técnica:
Título Original: The Wheel of Time
Título no Brasil: A Roda do Tempo
Gênero: Fantasia
Temporadas: 1
Episódios: 8
Criador: Rafe Judkins
Produtores: Rafe Judkins, Rick Selvage, Larry Mondragon, Ted Field, Mike Weber, Darren Lamke
Diretores: Uta Briesewitz, Wayne Yip, Salli Richardson, Ciaran Donnelly
Elenco: Rosamund Pike, Daniel Henney, Zoë Robins, Madeleine Madden, Josha Stradowski, Marcus Rutherford, Barney Harris, Kate Fleetwood, Priyanka Bose, Hammed Animasha, Sophie Okonedo, Kae Alexander, Fares Fares, Michael McElhatton, Johann Myers, Álvaro Morte
Companhias Produtoras: Radar Productions, Iwot Pictures, Long Weekend, Little Island Productions, Sony Pictures Television, Amazon Studios
Transmissão: Amazon Prime Video