SINOPSE: Dois irmãos são surpreendidos após escutarem pedidos de socorro vindos do interior de um matagal no Kansas. Eles decidem atender os chamados de ajuda e entram no local. No entanto, logo descobrem que uma vez lá dentro é impossível sair.
Com certeza, Stephen King é o autor com o maior número de obras adaptadas, seja para o cinema, para TV ou para o streaming (nas minhas contas, são mais de 40). E depois do sucesso de crítica e bilheteria de “It: A Coisa”, houve uma verdadeira explosão por novos filmes e séries baseadas em livros e contos escritos pelo Mestre do Terror.
É a Kingmania!
A Netflix não poderia perder essa onda, já produzindo “Jogo Perigoso” e “1922”, um livro e um conto respectivamente, de Stephen King. “Campo do Medo” é terceira adaptação de uma obra do Mestre e do Mestrinho.
“Campo do Medo” é baseado em um conto escrito por Stephen King (chamado carinhosamente por muitos, de Mestre) e por seu filho Joe Hill (que apelidei de Mestrinho), duas das mentes mais geniais e perturbadas da literatura de terror. O filme tem como pontos principais em sua narrativa, a claustrofobia, a desorientação e elementos do Horror Cósmico (que pode ser definido como o encontro do ser humano com um conhecimento que vai além da capacidade do ser humano em suportá-lo).
“Campo do Medo” começa explorando a desorientação dos personagens que entram e ficam presas no Matagal. É interessante e perturbador ver os personagens conversando entre si no meio do mato alto, achando que estão a poucos metros de distância, e quando percebem estão muito longe uns dos outros. Essa sensação de desorientação espacial criada pelo diretor Vincenzo Natali e os roteiristas chama muito atenção, pois à medida que a história vai se desenrolando, a sensação de claustrofobia e medo vai tomando conta, pois parece que uma vez dentro do Matagal, não se pode sair.
“O Matagal não tira coisas mortas do lugar.”
“Campo do Medo” me lembrou muito o conto “As Crianças do Milharal”, escrito por Stephen King. Mas à medida que o filme vai se desenrolando, comecei a fazer um comparativo com “N.”, uma HQ escrita pelo Mestre, lançada aqui no Brasil pela Darkside, e que é fortemente influenciada pelo Horror Cósmico. Isso porque, apesar das explicações dadas à medida que a história no filme vai se desenrolando, o sentimento de confusão continua em nossas cabeças. Essa confusão é muito comum em histórias escritas por H. P. Lovecraft e outros expoentes do Cosmicismo, onde a consciência humana não é capaz de entender algo que é muito maior do que nossa vã existência. E esse sentimento é muito bem explorado no filme.
Para piorar (ou melhorar), esse sentimento de confusão, “Campo do Medo” apresenta saltos temporais. O Matagal, leva os personagens humanos em viagens ao passado, presente ou futuro, de acordo com sua vontade.
Percebeu que falei em personagens humanos? Sim, porque apesar de um elenco competente, onde o nome mais conhecido, é o ator Patrick Wilson, o Matagal é a personalidade principal do filme. Sua história e sua presença são maiores que qualquer outro elemento apresentado em “Campo do Medo”. Os personagens humanos são elementos de suporte para algo maior, que é justamente o Matagal.
O diretor Vincenzo Natali e os roteiristas narram a história de “Campo do Medo”, deixando uma série de dúvidas em nossas cabeças. Para quem gosta de um desfecho mais concreto, o filme pode ser uma experiência ruim. Minha opinião, é que o final não poderia ser melhor, pois como fã de um bom conto de Horror Cósmico (e em especial de H. P. Lovecraft), essas lacunas deixam margem para a nossa imaginação. “O que é o Matagal? O que significa o elemento que fica no meio dele, e ao que parece no meio do mundo? Essas foram apenas algumas das perguntas que fiquei em minha cabeça ao terminar de assistir “Campo do Medo”.
O conto em que se baseia “Campo do Medo” não teve seu lançamento aqui no Brasil. Espero que a Editora Suma (detentora dos direitos literários de Stephen King no Brasil) ou a Harper Collins (detentora dos direitos literários de Joe Hill aqui em nosso país), não percam essa oportunidade, e o lancem por aqui.
“Campo do Medo” é claustrofóbico e fortemente influenciado pelo Horror Cósmico, e por esses motivos VALE A PENA assisti-lo.
E viva a KIngmania!
Ficha Técnica:
Título Original: In the Tall Grass
Título no Brasil: Campo do Medo
Gênero: Terror
Duração: 90 minutos
Direção: Vincenzo Natali
Produção: Steve Hoban, Jimmy Miller, M. Riley
Roteiro: Vincenzo Natali
Elenco: Harrison Gilbertson, Laysla De Oliveira, Avery Whitted, Will Buie Jr., Rachel Wilson, Patrick Wilson, Tiffany Helm
Companhia(s) produtora(s): Copperheart Entertainment, Netflix
Distribuição: Netflix