SINOPSE: Uma história arrepiante de terror, assassinato e um mal desconhecido que chocou até os investigadores paranormais da vida real Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga). Um dos casos mais sensacionais de seus arquivos, começa com uma luta pela alma de um garoto e que depois os leva além de tudo o que já haviam visto antes, para marcar a primeira vez na história dos EUA em que um suspeito de assassinato reivindicaria possessão demoníaca como defesa.
James Wan hoje é um dos nomes de referência quando falamos de filmes de terror. Desde sua estreia em 2004 com “Jogos Mortais”, o diretor, roteirista e produtor de cinema malaio utilizou como poucos a fórmula preferida de Hollywood: gastar pouco e faturar muito. Segundo o Box Office Mojo, todos os longas que dirigiu já arrecadaram 3,6 bilhões de dólares.
Mas foi em 2013 que James Wan colocou seu nome em evidência com “Invocação do Mal”, filme que trazia para as telonas o casal de investigadores paranormais mais famoso dos EUA: Ed e Lorraine Warren. O longa-metragem foi bem avaliado pois trazia a forma de filmar terror como era feito na década de 1970, com uma história simples e muitos jump scares.
O resultado financeiro incrível (US$ 319 milhões arrecadados nas bilheterias e um custo de apenas US$ 20 milhões) abriu as portas para o que gosto de chamar de “Wanverso”: uma série de filmes de terror interligados de alguma forma ao primeiro “Invocação do Mal”. Mas o problema desse universo compartilhado foi que a fórmula de sucesso da narrativa dele se mostrou repetitiva com o passar do tempo e sem nenhuma novidade.
Então quando foi anunciado “Invocação do Mal 3”, fique bem cético de que viesse alguma coisa diferente do que vi no “Wanverso”: o do susto pelo susto e a apresentação de um novo demônio, monstro ou assombração que poderia protagonizar um novo filme. Aqui desafio alguém a dizer que estou errado na minha afirmação. Pois basta pegar os longas-metragens que vieram após o primeiro “Invocação do Mal” par ver que a fórmula que ditei acima se repete na totalidade ou em partes: “Invocação do Mal 2”, “A Freira” e os três capítulos de “Annabelle”. Até mesmo “A Maldição da Chorona”, que é uma espécie de spin-off desse universo compartilhado de terror, padece da mesmice.
Mas o que vi em “Invocação do Mal 3” me surpreendeu de forma positiva. A começar com Michael Chaves, que dirigiu “A Maldição do Chorona” que só não é pior que “A Freira”. Além disso, parece existir uma maldição que diz que todos os filmes que James Wan dirige são bem-sucedidos e que quando ele não está capitaneando os filmes, podemos esperar por coisa ruim.
Porém, “Invocação do Mal 3” é muito bem conduzido por Michael Chaves, o que me leva a crer que mesmo James Wan seja apenas o produtor (como em todos os demais filmes do “Wanverso”), nesse ele teve uma influência ou até poder decisório maior.
O terceiro capítulo de “Invocação do Mal” começa com o exorcismo do pequeno David Glatzel (Julian Hilliard). E nessa sequência inicial fica evidente o quanto James Wan é fã e se inspira naquele que é o melhor filme de terror do cinema: “O Exorcista”. A chegada do padre à casa dos Glatzel que remete ao padre Merrin (Max von Sydow) parado na entrada de residência de Regan MacNeil ou quando Arne (Ruairi O’Connor) diz para que o demônio o possua em uma tentativa de salvar a vida e a alma do menino remete diretamente ao desesperado padre Damien Carras (Jason Miller) tentando expulsar Pazuzu do corpo de Regan (Linda Blair).
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A partir desse começo tenebroso e frenético, com urros, gritos, contorções bizarras e sons de ossos se partindo, esperava que “Invocação do Mal 3” seguisse a formula básica do “Wanverso”: sustos, sustos e mais sustos. Mas aí veio minha primeira boa surpresa, pois o longa-metragem resolve apostar na história carregada de suspense com um pouco de terror psicológico.
Essa narrativa mais focada no suspense e na investigação que os Warren empreendem para provar que Arne foi possuído e dessa forma absolvê-lo dos assassinatos que cometeu é bem mesclado com jump scares, colocados nos momentos certos. Um dos momentos em que essa mistura dá mais certo é a sequência em que Ed e Lorraine estão no necrotério.
Mas não espere uma trama elaborada em “Invocação do Mal 3” por causa dessa mistura mencionei acima, pois o longa-metragem se mantém fiel àquilo que os fãs do “Wanverso” gostam de ver. Aliás os roteiristas patinam quando tentam incrementar demais nesse aspecto.
Outro ponto que me surpreendeu nesse filme é que apesar de existir um demônio mais uma vez no caminho dos Warren, ele não é o adversário principal. Dessa vez o oponente de Ed e Lorraine é uma pessoa versada nas artes satanistas e conhecedora dos ritos da Ordem da Cabra. E aqui, posso até dizer que é James Wan apresentando personagens que podem protagonizar novos filmes do “Wanverso”. E se for esse o caso, ficaria bastante interessado em ver a Ordem da Cabra sendo explorada, pois poderíamos ver uma espécie de “Jim Jones dos infernos”
Agora o que mais gostei em “Invocação do Mal 3” foi rever o ator John Noble novamente. Desde “Fringe” me tornei fã de suas interpretações e da sua capacidade em dar vida a personagens perturbados da cabeça. Nesse longa-metragem ele interpreta o padre Kastner.
Preciso destacar que “Invocação do Mal 3” utiliza os fatos do que ficou conhecido como o “Julgamento de Arne Cheyenne Johnson” apenas como chamariz para as pessoas irem ao cinema. Até pensei que veria algo mais parecido com “O Exorcismo de Emily Rose”, mas o longa-metragem tem pouquíssimas cenas envolvendo o julgamento de Arne.
Não vou mentir, “Invocação do Mal 3” me impressionou pois James Wan conseguiu dar uma revigorada em uma fórmula já exaurida. Pode ser que essa narrativa diferente apresentada traga novos rumos para o universo compartilhado do diretor, produtor e roteirista malaio, mas não acredito em grandes reviravoltas, já que Hollywood fatura muito do jeito que as coisas estão.
Preciso terminar essa resenha dizendo que como diversão momentânea, vale a pena assistir “Invocação do Mal 3”, porém como os demais filmes do “Wanverso” só irei assistir novamente se não tiver nada melhor passando.
Ficha Técnica:
Título Original: The Conjuring: The Devil Made Me Do It
Título no Brasil: Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio
Gênero: Terror
Duração: 112 minutos
Direção: Michael Chaves
Produção: James Wan, Peter Safran
Roteiro: David Leslie, Johnson-McGoldrick
Elenco: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Megan Ashley Brow, Mitchell, Sterling Jerins, Ruairi O’Connor, Sarah Catherine Hook, Charlene Amoia, Julian Hilliard, John Noble, Ronnie Gene Blevins, Shannon Kook, Eugenie Bondurant, Ronnie Gene Blevins, Keith Arthur, Stacy Johnson, Steve Coulter, Ingrid Bisu, Davis Osborne, Ashley LeConte Campbell, Mark Rowe, Paul Wilson, Andrea Andrade, Stella Doyle
Companhias Produtoras: New Line Cinema, The Safran Company, Atomic Monster Productions
Distribuição: Warner Bros. Pictures