Pensando sobre o que escrever para postar no Cinemaníacos nesse domingo, resolvi voltar a uma ideia que já tinha tido faz algumas semanas. A princípio a deixei de lado pois os filmes que vou listar aqui mereciam resenhas completas (algo que no futuro eu vá fazer), pois cada uma dessas produções, na minha opinião, merecem ser mais bem debatidas.

Os serial killers sempre causaram fascínio nas pessoas: por que fazem o que fazem? Quais suas motivações? São movidos por traumas passados, algum distúrbio psicológico ou são apenas maus? São psicóticos, psicopatas ou sociopatas?

Esse fascínio pelos assassinos em série foi traduzido nas mais variadas mídias existentes: livros, quadrinhos, animações, séries e filmes. E foi justamente o cinema a popularizar o termo serial killer e trazer histórias que são simplesmente impressionantes.

Então vou listar aqui cinco filmes de serial killer que volta e meia estou reassistindo.

Identidade (2003)

SINOPSE: Uma violenta tempestade faz com que um grupo de pessoas busque abrigo em um motel desolado, gerenciado por um jovem bastante nervoso (John Hawkes). Entre eles estão um motorista de limusine (John Cusack), uma estrela da TV da década de 80 (Rebecca De Mornay), um policial (Ray Liotta) encarregado de escoltar um assassino (Jake Busey), um casal de recém-casados (Clea DuVall e William Lee Scott) e uma família em crise. De início todos se sentem aliviados por encontrarem um lugar para ficar em meio à tempestade, mas logo entram em pânico ao perceber que, um a um, todos estão sendo assassinados em nome de um misterioso segredo que une a presença de todos naquele lugar.

Dirigido por James Mangold (“Logan”, “Ford vs. Ferrari”), “Identidade” traz uma história um tanto diferente das demais apresentadas em filmes de serial killer.

Como diz a sinopse do filme, devido à uma tempestade que interditou todas as estradas, um grupo de pessoas se vê ilhados em um motel no meio do deserto. O problema começa a partir do primeiro assassinato, pois os integrantes desse grupo começam a perceber que sua presença nesse local isolado não é coincidência: para começar, todos eles têm a mesma data de nascimento, caracterizando o modus operandi de um assassino em série que está caçando cada um deles.

Mas como é possível um serial killer reunir pessoas tão diferentes que só possuem em comum a mesma data de nascimento? A estranheza da situação só aumenta quando outros eventos inexplicáveis acontecem, como por exemplo, a impossibilidade de fugirem do local onde estão. Não importa a direção a ser tomada, todos os caminhos estão bloqueados ou levam de volta ao motel. E nesse momento a história me levou a pensar que algo sobrenatural estava acontecendo.

Em paralelo, acompanhamos o governador, policiais e um psiquiatra decidindo no meio da noite se um assassino serial tem ou não consciência dos crimes brutais que cometeu e dessa forma, ser executado. Qual a relação dessa reunião com os eventos do motel?

O desfecho do filme é um dos mais inesperados de todos os que já vi na vida, derrubando todas as teorias que criei a respeito do que estava acontecendo e confirmando a minha afirmação inicial de que “Identidade” traz uma história um tanto diferente das demais apresentadas em filmes de serial killer.

Zodíaco (2007)

SINOPSE: Em 1º de agosto de 1969, três cartas diferentes chegam aos jornais San Francisco Chronicle, San Francisco Examiner e Vallejo Times-Herald, enviadas pelo mesmo remetente. A carta enviada ao Chronicle trazia a confissão de um assassino e as três juntas formavam um código que supostamente revelaria a identidade do criminoso. O assassino exigia que as cartas fossem publicadas, caso contrário mais pessoas morreriam. Um casal de Salinas consegue decodificar a mensagem, mas é Robert Graysmith (Jake Gyllenhaal), um tímido cartunista, quem descobre sua intenção oculta: uma referência ao filme “Zaroff, o Caçador de Vidas” (1932). Os assassinatos e as cartas se sucedem, provocando pânico na população de San Francisco.

“Zodíaco” é um filme baseado em fatos reais, dirigido por David Fincher (que vai reaparecer nessa lista). O Assassino do Zodíaco é um dos seriais killers mais famosos e mais difíceis de serem capturados dos EUA (com seu caso aberto até hoje devido à falta de evidências e provas cabais sobre possíveis suspeitos).

O filme narra a história ao longo de 30 anos em busca da identidade do Assassino do Zodíaco. O grande problema em determinar e prender quem era o serial killer que levava essa alcunha, se dava ao fato do seu modus operandi ser o de mudar a forma de matar. Tirando as cartas criptografadas, esse serial killer mudava a bel prazer tanto os locais quanto a forma de assassinar suas vítimas. Esse “padrão” dificultava e deixava os investigadores e policiais completamente perdidos, pois não conseguiam criar um perfil para ele.

No filme, acompanhamos Robert Graysmith, um dos poucos personagens fictícios, que criava cruzadas e enigmas para serem publicados no jornal e que cria uma verdadeira obsessão em descobrir quem é o Assassino do Zodíaco. E ao longo de três décadas, Robert renuncia a tudo e  todos, inferniza a vida de investigadores e pessoas próximas em sua caçada particular.

O filme relata com bastante fidelidade os eventos reais que envolvem o Assassino do Zodíaco e mostra a obsessão dos EUA, personificada no personagem de Jake Gyllenhaal, em capturar um dos mais notórios e inteligentes assassinos em série estadunidenses.

Além disso, o filme mostra que a não ser por um erro, pessoas como o Assassino do Zodíaco só são pegas se quiserem.

Jogos Mortais (2004)

SINOPSE: O médico Dr. Lawrence Gordon (Cary Elwes) e o fotógrafo Adam Stanheight (Leigh Whannell) acordam em um banheiro imundo presos pelos pés por uma corrente. No meio deles há um corpo de um homem ensanguentado com um revólver e um gravador nas mãos. Logo descobrem que fazem parte de um jogo terrível criado por um serial killer chamado Jigsaw, que rapta pessoas e coloca-os em armadilhas mortais com o objetivo de valorizarem suas vidas por meio de sacrifícios sangrentos.

Antes da franquia se tornar um espetáculo gore, o diretor James Wan fazia sua estreia em Hollywood com “Jogos Mortais”, considerado até hoje, o melhor filme de serial killer desde “Seven”.

Jigsaw é um assassino em série que não pode ser classificado como assassino, afinal ele não mata suas vítimas, mas as coloca em situações em que podem sair vivas mediante um sacrifício que vai envolver muita dor e sangue. Essa forma de agir vai de encontro com a de Charles Manson, que nunca matou ninguém, mas induziu vários de seus seguidores a cometerem assassinatos.

Lembro que assisti esse filme por falta de opção do que pegar na videolocadora (sim, sou desse tempo). Olhando a sessão de filmes de terror, vi a capa e a sinopse e acabei levando. Mas à medida que o longa-metragem vai se desenrolando pensei: “Uou! Esse filme é bom!”

James Wan cria uma trama que à medida que se desenrola vai mostrando que tudo que acontece está conectado e que para sobreviver aos jogos mortais de Jigsaw você precisa seguir as regras. E isso fica bem claro, quando Lawrence e Adam tentam engabelar o assassino do quebra-cabeça.

O final do filme é uma sucessão de reviravoltas: da descoberta de como Jigsaw sabe cada passo dos acorrentados a um fato que acontece no começo e que parecia irrelevante, mas que significaria a sobrevivência de um deles; a minha sensação foi “P*** QUE PARIU, por essa não esperava”.

Ao contrário dos demais filmes da franquia, a violência não é gratuita, dando muito mais a sensação de coisas terríveis do que realmente mostrar. Uma história inteligente e que deixou um legado: o boneco Charlie, a trilha do filme e frases inesquecíveis como “Faça sua escolha” e “Fim de jogo”.

Seven (1999)

SINOPSE: A ponto de se aposentar, o detetive William Somerset (Morgan Freemna) pega um último caso, com a ajuda do recém-transferido David Mills (Brad Pitt). Juntos, descobrem uma série de assassinatos e logo percebem que estão lidando com um assassino que tem como alvo pessoas que ele acredita representar os sete pecados capitais.

Lembra que falei que David Fincher ia retornar para esse artigo? Ele é responsável por dirigir o segundo melhor filme de serial killer de todos os tempos. É claro que estou falando de “Seven”

“Seven” é responsável por criar uma verdadeira vertente nos cinemas: trazer filmes que demonstrassem toda a brutalidade, frieza, inteligência, organização e egocentrismo características de um serial killer.

A brutalidade fica por conta da violência perpetrada pelo assassino em série. Todos os crimes, sem exceção, são cometidos com o objetivo de causar sofrimento físico e psicológico às vítimas. E ao contrário de “Jogos Mortais”, onde existe uma saída, uma espécie de redenção; em “Seven” as vítimas vão morrer por causa de seus pecados capitais.

A frieza e organização ficam por conta de como os crimes são preparados e executados. O maior exemplo disso, é a vítima do crime da preguiça, o mais brutal e doentio de todo o filme.

A inteligência e o egocentrismo ficam por conta do assassino em série do filme que só é capturado porque quer e quando explica os motivos por trás de seus crimes. E sim, até hoje nos lembramos.

Se não bastasse excelentes atuações e um roteiro que faz a imersão total do espectador na história, o final do filme é uma voadora na traqueia. Quando você descobre o que serial killer prepara  para completar seu plano, fiquei com a mesma sensação de quando assisto ao final de “À Espera de Um Milagre”, que é o de “por favor, não faz isso”. Mas com a frase “Se você fizer isso, ele vence”, dita por um dos personagens, você percebe que é impossível ter um desfecho diferente.

O Silêncio dos Inocentes (1991)

SINOPSE: A agente do FBI, Clarice Starling (Jodie Foster) é ordenada a ajudar na captura de Búfalo Bill, um assassino que arranca a pele de suas vítimas. Para entender como ele pensa, ela procura o brilhante psiquiatra e perigoso psicopata, Hannibal Lecter (Anthony Hopkins), encarcerado sob a acusação de canibalismo.

 

O que posso dizer sobre esse filme? Que se você nunca o assistiu, você simplesmente não gosta de filmes de serial killers. “O Silêncio dos Inocentes” é simplesmente e cabalmente o MELHOR FILME DO GÊNERO DO CINEMA!

“O Silêncio do Inocentes” completa 30 anos desde seu lançamento e está para o gênero de serial killer o que “O Exorcista” está para os filmes de terror. Explicar as razões para mim e quase todo mundo que gosta de cinema achar isso é difícil, mas vou tentar.

A começar pela história, que é baseada no livro homônimo de Thomas Harris, que mostra aspectos que seriam utilizados por todos os demais filmes de serial killers que viriam a seguir: uma polícia despreparada em entender a mente dessas pessoas, crimes brutais, o sentimento de “sujeira” nas cenas e um assassino brilhante e carismático.

Jodie Foster interpreta Clarice Starling de forma espetacular, que coloca a personagem com a sexta na lista dos maiores heróis do cinema no AFI (American Film Institute) e inspirou a criação de outra que se tornaria igualmente inesquecível: a agente Dana Scully (Gillian Anderson) do seriado Arquivo X (1993-2018). Clarice, uma cadete do FBI em treinamento, vê sua vida virada do avesso, descendo ao próprio inferno ao ter que encontrar o brutal Búfalo Bill e se envolver com o perigoso Hannibal Lecter.

Mas é claro que “O Silêncio dos Inocentes” se tornou referência a todo o gênero de serial killers graças ao psicopata mais perigoso e carismático dos cinemas: Dr. Hannibal Lecter. Porém o assassino canibal quase teve outro rosto. Isso porque o diretor Jonathan Demme tinha Sean Connery como primeira escolha para o papel. Fora isso, atores como Robert Duvall, Jack Nicholson, John Hurt, Dustin Hoffman, Robert De Niro e Louis Gossett Jr. e Jeremy Irons foram considerados para o papel.

Mas depois da recusa de todos esses atores, o contratado para viver o psiquiatra canibal foi Anthony Hopkins, então aos 54 anos, que inclusive pensava em desistir da carreira em Hollywood na época e voltar para a Inglaterra para focar no teatro.

Com apenas vinte e quarto minutos em tela, Anthony Hopkins trouxe o assassino serial mais icônico de toda a história do cinema. E esse feito é confirmado em eleições que o colocam como o maior vilão da indústria cinematográfica, às vezes perdendo para um tal de Darth Vader.

E se isso não é o suficiente para você achar “O Silêncio dos Inocentes” o melhor filme desse gênero, então aqui vai duas informações: a produção cinematográfica é um dos “Big Five” do Oscar (melhor filme, diretor, ator, atriz e roteiro). Tão raro é este feito que na história da premiação apenas outros dois longas foram capazes de realizá-lo: “Aconteceu Naquela Noite” (1934) e “Um Estranho no Ninho” (1975). Além disso, o longa-metragem foi selecionado pela biblioteca do Congresso norte-americano para a preservação no Registro Nacional de Filmes devido a seu significado histórico, cultural e estético. Uma honraria até maior do que o Oscar em si.

Menção Honrosa: Hannibal (2001)

SINOPSE: Sete anos se passaram desde que o Dr. Hannibal Lecter (Anthony Hopkins) escapou da prisão. O múltiplo homicida agora trabalha na biblioteca de uma família nobre de Florença e transita livremente pela Europa. A agente do FBI Clarice Sterling (Julianne Moore), que entrevistou o Dr. Lecter antes que ele fugisse do hospital de segurança máxima para criminosos insanos, nunca esqueceu o assassino, cuja voz ainda atormenta seus sonhos. Mas também Mason Verger (Gary Oldman) não se esqueceu de Hannibal. Vítima que conseguiu sobreviver ao ataque do psicopata e ficou terrivelmente desfigurado, Verger se torna um obcecado pela vingança e percebe que, para fazer com que o Dr. Lecter seja descoberto, terá que usar como isca a própria Clarice Sterling.

Essa menção honrosa é mais que especial, pois apesar de considerar “O Silêncio dos Inocentes” o melhor filme de serial killer de todos os tempos, gosto na mesma medida de “Hannibal”, sua sequência direta, tanto nos livros como nos cinemas.

Criticado pelos fãs e pessoas especializadas em cinema, “Hannibal” não tem a presença de Jodie Foster, que recusou reviver o papel de Clarice Starling. Para viver a agente do FBI e interesse amoroso do Dr. Lecter, foi escalada a talentosa Julianne Moore.

Mas o que faz eu ter um carinho especial por “Hannibal”? É a maior participação daquele que dá nome a esse filme. Nesse longa-metragem é desenvolvido todo o charme e carisma, bem como a periculosidade do Dr. Lecter, que em “O Silêncio dos Inocentes” era mais um aura que pairava ao redor dele e daqueles com quem se envolvia.

Em “Hannibal”, vemos por que ele é perigoso a ponto de ter que ser preso em uma cela sem acesso a contatos humanos ou usar uma máscara que lembra uma mordaça. E para exemplificar isso, cito a frase do Dr. Lecter antes de dar fim a um investigador da Polícia de Florença: “Como vai ser? Vísceras para dentro ou para fora?”

Além disso, temos Gary Oldman, o camaleão de Hollywood, vivendo o desfigurado Mason Verger, que busca vingança contra Hannibal Lecter. O motivo para tal vendeta? Ora, o nosso psiquiatra canibal fez Verger cortar o próprio rosto e comer os nacos que eram retirados.

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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