SINOPSE: Desamparado após a morte de seu melhor amigo, Lyra (Dafne Keen) decide seguir Asriel (James McAvoy) para o desconhecido. Ela chega, então, a uma misteriosa cidade abandonada, onde conhece Will Parry (Amir Wilson), um garoto de outra dimensão que, assim como Lyra, é assombrado por seu passado.
Quando anunciada, “His Dark Materials” prometia muito mais fidelidade à série de romance de mesmo nome escrita por Philip Pullman. E a medida que a primeira temporada foi sendo apresentada fomos vendo uma história de fantasia e aventura muito mais adulta e sombria.
E se tínhamos dúvidas de qual tom a série da HBO seguiria, o episódio final do primeiro ano se encerra com Asriel separando o daemon de Roger Parslow (Lewin Lloyd), para abrir um portal para um novo plano. Esse processo de separação acaba matando o melhor amigo de Lyra, e mostra que Asriel não mede esforços para completar seu plano.
Admito que esse gancho, juntamente com o início do confronto contra o Magisterium, me deixaram muito empolgado e ansioso pela segunda temporada. E ao terminar de assisti-la, posso afirmar que minhas expectativas não foram somente atendidas, mas SUPEARDAS, pois o que foi mostrado, tornam a história de “His Dark Materials” muito maior e surpreendente do que poderia imaginar.
O começo da segunda temporada mostra Lyra na cidade de Cittàgazze, depois de passar pelo portal criado por Asriel. Lá, ela encontra Will Parry que chegou ao mesmo local ao atravessar uma janela dimensional em seu mundo. Agora, os dois adolescentes se encontram em uma cidade habitada apenas por crianças, pois os adultos precisaram fugir devido a presença dos Espetros: criaturas com aparência de fumaça que atacam todos que atingem a maioridade, roubando tudo o que os torna humanos.
No mundo de Lyra, O Magisterium assustado com as implicações causadas pela abertura do portal dimensional, inicia uma represália violenta contra tudo e todos, como forma de manter o controle e o poder. O problema é que essa forma de agir do Magisterium, leva-os a entrar em conflito direto contra as bruxas, que até então mantinham uma posição pacífica em relação aos eventos ocorridos na primeira temporada.
Estava muito ansioso para ver a forma como o Magisterium seria abordado na segunda temporada. E não me arrependi do que vi, pois a série aborda essa instituição religiosa de forma bastante fiel ao que vemos nos livros (nesse ponto, preciso confiar nas resenhas lidas, pois não li as obras de Philip Pullman.
Fazendo uma alusão a Igreja da Idade Média, o Magisterium é uma instituição religiosa detentora dos poderes religiosos e políticos do mundo de Lyra. E seja declarando heréticos, conhecimentos que não estão sob seu controle ou utilizar da sua própria força militar para coagir e suprimir qualquer tentativa de subversão, o Magisterium está disposta a utilizar todas a suas ferramentas opressoras contra o que entendam como ameaça sobre sua posição dominante.
Com a abertura do portal multidimensional, a segunda temporada de “His dark” Materials” introduz novos elementos, narrativas e personagens deixando a história maior. Na cidade de Cittàgazze, além da presença dos espectros, Lyra e Will encontram a Faca Sutil, objeto capaz de cortar qualquer coisa, de vidas a passagens para outros mundos. Essa arma, deve ter papel de suma importância para a guerra que está vindo, devido ao que é capaz de fazer.
Finalmente descobrimos mais sobre o Pó, quando Lyra encontra a Dra. Mary Malone (Simone Kirby). A física entende que o Pó e a matéria escura, objeto de seus estudos, são a mesma coisa, e mostra à protagonista da série uma máquina que permite se comunicar com esse elemento. Em uma dessas inteirações, é revelado que o Pó são os anjos, que estão presentes em tudo e atuam, por motivos que me surpreenderam, diretamente na evolução do homem. Essa criaturas se unem a Asriel na guerra contra a Autoridade.
Mas “His Dark Materials” traz mais surpresas, ao revelar a profecia de que Lyra está destinada a se tornar a nova Eva e trazer uma segunda Queda do Homem.
Com uma história dessas, é claro que preciso elogiar o roteiro que utiliza de forma equilibrada a ciência e a religião, sem perder o foco para as questões sociais e políticas abordadas desde o começo da série. E pelo que vi até agora, acredito que a HBO, produtores e roteiristas devem convergir todas essas vertentes narrativas e apresentar um series finale excelente.
É visível o crescimento da qualidade da fotografia e cenografia na segunda temporada. É impressionante, por exemplo, ver o CGI e as habitações, ruas e escadarias construídas para dar vida à cidade de Cittàgazze. “His Dark Materials” é uma série de encher a tela e os olhos dos espectadores.
Quanto ao casting, o destaque fica, mais uma vez, por conta de Ruth Wilson. Sua personagem, Marisa Coulter pode cometer atrocidades imperdoáveis para alcançar seus objetivos e também demonstrar, do seu jeito, carinho e amor; ou então, para conseguir controlar os Espectros, pode simplesmente se abstrair totalmente dos seus sentimentos e de tudo o que a torna humana.
É graças à atuação impressionante e cheia de nuances de Ruth Wilson que a grande vilã de “His Dark Materials” se apresenta como uma pessoa imprevisível e indecifrável, o que a torna assustadora, até mesmo para seu daemon.
Vale falar do crescimento como atriz de Dafne Keen, que começou de forma bem mecânica no começo da série, mas foi ficando mais e mais à vontade com sua personagem, conseguindo agora trazer uma Lyra mais madura e sofrida devido às tragédias pessoais e o peso que ela carrega por conta da profecia.
Agora se Dafne Keen vem evoluindo em sua interpretação, o mesmo não pode ser dito sobre Amir Wilson que começou muito bem, mas que na segunda temporada mostrou um retrocesso, trazendo uma interpretação sem sintonia com as situações vividas pelo seu personagem.
Já confirmada pela HBO, estou ansioso pela temporada final que adaptará “A Luneta Âmbar”, último volume da série literária, pois o desfecho do segundo ano de “His Dark Materials” deixa montado o terreno para uma guerra que deve incendiar todo o multiverso, com Lyra podendo ser o pivô da derrocada dos homens. Um confronto onde não há espaço para a neutralidade e que vai envolver o portador da Faca Sutil, Espectros, Bruxas, Magisterium, Anjos e muito mais.
Por tudo que falei, por vir em uma crescente narrativa empolgante e por ser uma produção que consegue mesclar muito bem assuntos sociais, políticos, e científicos com os elementos de uma história clássica de fantasia, digo que vale muito, mais muito a pena assistir a segunda temporada de “His dark Materials”!
Ficha Técnica:
Título Original: His Dark Materials
Título no Brasil: His Dark Materials
Gênero: Aventura, Fantasia
Temporada: 2ª
Episódios: 7
Criador: Laurie Borg
Produtores: Jane Tranter, Dan McCulloch, Otto Bathurst, Carolyn Blackwood, Joel Collins, Toby Emmerich, Deborah Forte, Julie Gardner, Tom Hooper, Ben Irving, Philip Pullman, Ryan Rasmussen, Jack Thorne
Elenco: Dafne Keen, Ruth Wilson, Anne-Marie Duff, Clarke Peters, James Cosmo, Ariyon Bakare, Will Keen, Lucian Msamati, Gary Lewis, Lewin Lloyd, Daniel Frogson, James McAvoy, Lin-Manuel Miranda, Ruta Gedmintas, Amir Wilson, Nina Sosanya, Jade Anouka, Sean Gilder, Simone Kirby, Andrew Scott
Companhias Produtoras: Bad Wolf, New Line Cinema, HBO, BBC Studios
Transmissão: HBO