SINOPSE: A história desenrola-se em Neo-Tóquio, uma cidade de Tóquio reconstruída depois de ter sido destruída na 3ª Guerra Mundial. 30 anos depois, às vésperas das Olímpiadas, uma gangue de motoqueiros liderada por Kaneda, entra em uma luta com um grupo rival. O membro mais novo da gangue de Kaneda, Tetsuo, sofre um acidente ao se deparar com uma criança dotada de misteriosos poderes. Levado pelos militares, Tetsuo é submetido a experiências, que juntamente como incidente com a criança misteriosa, acordam seus poderes latentes, se tornando uma ameaça para seus amigos e para a própria cidade, à medida que ele busca desvendar o segredo que é Akira.

“Akira”: Um Mangá de Proporções Inigualáveis

“Akira: provando que desenho não é somente para criança”. Esse era o título da matéria no caderno B do jornal daqui, falando sobre a animação que estava estreando nos cinemas em 1988, baseada nos mangás homônimos . Diferente das animações da época, “Akira” trazia violência gratuita, drogas, erotismo, intrigas políticas e pessoas dotadas do “Poder”. Nos primeiros minutos do filme, já estava apaixonado pela obra de Katsuhiro Otomo, que se transformou em idolatria ao terminar a sessão.

“Akira” é considerado revolucionário, não só por sua incrível história, mas por ter um aprimoramento técnico muito superior ao que era realizado em animações na época, como alta taxa de quadros por segundo, ilustrações de fundo foto-realistas, pré-dublagem, efeitos de iluminação, movimento de olhos entre outros; além de ser considerado uma das maiores influências para o cinema de ficção cientifica que surgiu posteriormente.

Na mesma época do lançamento do filme animado aqui no Brasil, a editora Globo lançava o mangá nas bancas de revistas, em 38 edições, formato americano, papel especial e colorida. Li apenas algumas HQs de “Akira” nesse tempo, pois minha mesada não comportava o preço (que já era consumida em gibis do Homem-Aranha, X-Men e fliperama), mas percebi que a obra de Katsuhiro Otomo era muito maior e espetacular que a animação que vi no cinema.

“Akira” originalmente foi publicado entre 20 de dezembro de 1982 a 25 de junho de 1990, em seis volumes, e simplesmente arrebatou quem leu. A história do mangá gira em torno de Akira, uma criança dotada de poderes imensuráveis. Ao redor dessa personificação viva do “Poder”, somos apresentados a Kaneda e sua gangue de motoqueiros, e em uma clara alusão ao descaso da sociedade em relação aos adolescentes, que acabam por seguir um caminho de drogas, sexo e violência. Em um acidente envolvendo Takashi, uma criança com o rosto envelhecido, Tetsuo, amigo de Kaneda, acaba despertando seu “Poder” latente. A partir daí somos arrebatados por uma trama que envolve telecinese, telepatia, existencialismo, política e críticas sociais.

O anime adapta de forma bastante fiel, a primeira parte da história do mangá, que tem como evento de encerramento, o Segundo Despertar, porém possui um final bem diferente por um motivo muito importante: Katsuhiro Otomo ainda não havia concluído de escrever e lançar os volumes de sua HQ (que na época do lançamento do filme, estava no terceiro), e por isso fez questão que o desfecho no longa-metragem animado fosse diferente do mangá.

Por ainda estar escrevendo o mangá na época do lançamento do anime, muita coisa ficou de fora, porém isso acaba sendo positivo, pois acabamos tendo uma experiência com os quadrinhos, e outra diferente com o anime.

Mas é no mangá que vemos porque “Akira” está entre uma das melhores histórias em quadrinhos do mundo. Em uma ascendente de eventos, narrativa e ação, a história vai ficando maior a cada volume lido. De disputa de adolescentes rebeldes e intrigas políticas, “Akira” se transforma em uma epopéia, com seres dotados de poderes capazes de recriar o próprio Universo. 

Mas nenhuma história em quadrinhos, se torna épica sem uma arte à altura. E além do seu talento em escrever um roteiro tão complexo e divertido como o de “Akira”, a arte de Katsuhiro Otomo o chancela, sem espaço para contestação, como um dos maiores nomes da Nona Arte mundial. O cuidado com o traço, com o equilíbrio entre o preto e o branco e a quantidade absurda de detalhes, tornam esse mangá em um evento visual. Várias  vezes voltei minha leitura ou me peguei parado em determinada página, somente admirando ou tentando captar e gravar na mente o detalhismo e a beleza do foi desenhado.

Já li muitos quadrinhos e mangás na vida, mas nenhum é tão rico e  bonito visualmente como “Akira”!

E o  Futuro?

Novo anime de Akira

Durante o evento da Anime Expo 2019, o estúdio Sunrise, o mesmo que produziu Cowboy Bebop,  anunciou que vai produzir um novo anime baseado no mangás de Akira. A ideia é aproveitar melhor o conteúdo que o mangá original oferece, uma vez que o filme de 1988 cortou vários acontecimentos. Mais detalhes e data de lançamento não foram revelados.

Essa notícia me deixou muito feliz, pois ao que parece o mangá será melhor explorado, e quem sabe não vejamos os eventos ocorridos após o Segundo Despertar de forma mais fiel ao material original.

Se eu pudesse opinar, esse anime poderia ter algo em torno de 30 a 40 episódios,. Assim, haveria espaço para vermos bem mais da história de “Akira”.

Fico muito mais empolgado com um anime de “Akira” do que um live-action feito por Hollywood; pois além de mais tempo em tela para explorar melhor tudo o que existe no mangá, as adaptações cinematográficas estadunidenses costumam não respeitar o material original japonês, com exceção de “Ghost In The Shell”.

Live-Action Hollywoodiano

O live-action de Akira já está se tornando uma espécie de “lenda urbana” de Hollywood, devido a tantas informações desencontradas e desistências por parte de estúdios e profissionais  em produzir o longa-metragem. As primeiras notícias diziam que a adaptação teria um orçamento de US$150 milhões para a produção mas que foi minguando para algo em torno de US$60 milhões. Além disso, vários diretores foram escalados, de Ridley Scott a James Mangold, bem como diversos pré-roteiros já tiveram sua sinopse divulgada, sendo um deles mostrando a história se passando em Neo-York  e não Neo-Tóquio e e atores ocidentais  ao invés de japoneses ou orientais.

As últimas notícias até se mostraram animadoras, com a escalação de Taika Waititi para a direção, e seu desejo de atores de descendência oriental para os papéis.

Mas devido ao compromisso de Taika Watiti com a Marvel em filmar “Thor: Love and Thunder”, “Akira” que seria lançado em 21 de maio de 2021, foi retirado do calendário de lançamentos da Warner, que atualmente detém os direitos de produção do live-action.

Essas constantes protelações em lançar o live-action de “Akira” me preocupam, pois demonstram que a Warner não se mostra confiante em produzir o filme. E essa falta de confiança pode resultar em um longa-metragem de baixo orçamento (que não seria suficiente para traduzir a grandiosidade da história) e inferior à qualidade da obra, resultando em algo como “A Torre Negra”, ou, sendo bastante pessimista, em alguma coisa como o lixo do  “Dragon Ball: Evolution”.

Na minha opinião, escalaria o diretor de “Ghost In The Shell”, Rupert Sanders, e a equipe técnica responsável pelo filme, pois a fidelidade e o respeito pelo material original que tiveram em produzir esse live-action, é o que espero em “Akira”. Além disso, visualmente, o longa-metragem estrelado por Scarlett Johansson, cairia como uma luva para o mangá escrito e desenhado por Katsuhiro Otomo.

Veredicto

“Akira’ é fundamental para quem gosta de qualquer tipo de quadrinhos, sejam eles mangás, quadrinhos regulares ou Graphic Novels. A obra de Katsuhiro Otomo é atemporal e icônica, como poucas HQs conseguiram, e na minha opinião, está no mesmo patamar de “Batman: O Cavaleiro das Trevas” de Frank Miller e “Watchmen” de Alan Moore.

Dou meus parabéns para editora JBC por trazer a obra completa ao Brasil, e pelo cuidado dado a cada edição. Mesmo que você ache salgado o preço de cada volume, digo sem medo que vale cada centavo investido em.

E depois de tudo que falei, é evidente que VALE MUITO A PENA LER “AKIRA”!

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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