SINOPSE: Inspirado em fatos reais, “ O 3º andar: Terror na Rua Malasaña” narra a história de uma família que se muda de uma pequena cidade para a capital e investe tudo o que tem num grande apartamento no número 32 da Rua de Manuela Malasaña. Cedo percebe que o que parecia o paraíso e a promessa de uma vida nova se torna o pior pesadelo possível.

Nada melhor que tomar uns sustos no escuro e diante de uma telona, pois nenhum gênero combina mais com o cinema que terror. E um dos países que possuem uma das melhores produções cinematográficas de terror é a Espanha, e como exemplo dessa minha afirmação, cito “REC”, o melhor filme found footage já feito. Por isso, com a reabertura das salas de exibição fui assistir “O 3º Andar: Terror na Rua Malasaña”, um filme de terror catalão.

Antes de começar essa resenha devo dizer o título brasileiro é uma BOSTA. Essa mania que temos em dar esses subtítulos apelativos e nada criativos, na minha opinião, me passam a sensação de um filme de qualidade duvidosa. Por quê não deixar somente “O 3º Andar” ou “Rua Malasaña 32”?

Agora sim vamos falar desse filme de terror catalão e a primeira coisa que destaco é a estética e a ambientação. Como em “REC”, “O 3º Andar: Terror na Rua Malasaña” se passa em um prédio de escadarias íngremes, apartamentos de corredores estreitos e cômodos apertados. Essa limitação de espaço cria um ar de claustrofobia, aumentando a sensação de não ter para onde fugir do que quer esteja assombrando o local . Além disso, o local tem uma decoração com papéis e móveis condizentes com os anos 1970, época em que a história aconteceu. E esse clima retrô e antigo, reforça o sentimento da ameaça sobrenatural que lá habita. E entre os itens decorativos, o mais assustador é um quadro da antiga inquilina  que fica na esquina do corredor do apê 32 da rua Malasaña. Detalhe: a cabeça na foto fica virando e seguindo os novos moradores.

Como disse anteriormente, o filme de terror catalão visa recriar a estética e ambientação dos anos 1970, pois foi baseado em fatos reais, mas não exatamente no logradouro do título original, pois o número 32 não existe (a rua Antonio Grillo, que é o endereço do prédio, acaba no nº 30). O que o longa-metragem utiliza são mortes e assassinatos misteriosos ocorridos na rua e na região em si, sendo o suicídio de um alfaiate que saltou da sacada do apartamento 3D, gritando que havia matado sua esposa e seus cinco filhos, cada um de uma arma distinta; a maior inspiração para a produção cinematográfica espanhola. Como em “Invocação do Mal”, “O 3º Andar: Terror na Rua Malasaña” pega algumas lendas urbanas e as molda para criar a trama, e dessa forma, atiçar a curiosidade dos espectadores para saber qual o tamanho da veracidade desses “fatos reais”.

E por falar em “Invocação do Mal”, “O 3º Andar: Terror na Rua Malasaña” se utiliza da mesma técnica que o lucrativo “Wanverso” (universo cinematográfico compartilhado criado por James wan) para atrair e assustar os espectadores: jump scares atrás de jump scares, do começo ao fim do longa-metragem. Essa fórmula cria um forte apelo comercial, justificando perfeitamente a ideia de Warner Bros España em lançar esse filme no circuito mundial de cinema.

Mas apesar de “O 3º Andar: Terror na Rua Malasaña” parecer o que chamo de “mais do mesmo” nas produções de terror atualmente, o filme catalão tem a seu favor a estética retrô espanhola dos anos 1970 e um ambiente com corredores apertados e cômodos pequenos, que conferem um upgrade assustador nos momentos dos jump scares. Associado a tudo isso, temos o som do longa-metragem que contribui muito para fazer sua alma desencarnar por três segundos na hora dos sustos.

O ápice de “O 3º Andar: Terror na Rua Malasaña” acontece no final do segundo terço do filme, quando a entidade sobrenatural ataca a todos os integrantes da família Olmedo ao mesmo tempo, em uma sucessão que parece interminável de sustos. Depois dessa sequência de jump scares, a família Olmedo se refugia em um quarto de hotel, completamente desamparada e apavorada, lembrando bastante o final de “Poltergeist – O Fenômeno”.

“O 3º Andar: Terror na Rua Malasaña” teria um final perfeito se acabasse na parte que descrevi acima, pois deixaria os espectadores com um princípio de parada cardíaca e um monte de perguntas do por quê dos ataques sobrenaturais. Porém, não sei se por decisão do diretor, dos produtores ou da Warner Bros España (que seria minha aposta), resolveram explicar a motivação da assombração do apartamento 32 da rua Malasaña e dar um embate final com tal entidade, com direito a uma pessoa possuída flutuando diante da família Olmedo. Ou seja, preferiram um final made EUA: clichê e apelativo.

Mesmo tão parecida com o que temos no “Wanverso” e do final ruim, gostei de ver mais uma produção cinematográfica de terror espanhol, possuidora de uma estética própria tão diferente do que estamos acostumados a ver em Hollywood. Pelos bons sustos e por essa estética única que a Espanha confere aos seus filmes de terror, digo que vale a pena assistir “O 3º Andar: Terror na Rua Malasaña”.

Ficha Técnica:

Título Original: Malasaña 32

Título no Brasil: O 3º Andar: Terror na Rua Malasaña

Gênero: Terror

Duração: 115 minutos

Direção: Albert Pintó

Produção:

Ramón Campos, Maria Contreras, Teresa Fernández-Valdés, Mercedes Gamero , Jordi Gasull, Pablo Nogueroles, Toni Novella, Diego Polo, Rosa Pérez, Pepe Torrescusa, Amaya Álvarez

Roteiro: Ramón Campos, Gema R. Neira, Salvador S. Molina, David Orea

Elenco: Begoña Vargas, Iván Marcos, Bea Segura, Sergio Castellanos, José Luis de Madariaga, Iván Renedo, Javier Botet, María Ballesteros, Rosa Álvarez, Almudena Salort, Concha Velasco

Companhias Produtoras: Bambú Producciones, Warner Bros. Pictures España

Distribuição: Warner Bros. Pictures España

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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