Livros e Quadrinhos – Justiça Ancilar de Ann Leckie

SINOPSE: O IMPÉRIO ME OBRIGOU A MATAR MILHARES, MAS AGORA EU TENHO APENAS UM ALVO. Em um remoto planeta gelado, Breq está prestes a concluir seus planos de vingança. Ex-membro do Radch, o império que domina a galáxia, Breq era a nave Justiça de Toren – uma porta-tropas gigantesca com uma única inteligência artificial que habitava e controlava o corpo de milhares de soldados. Mas um ato de traição destruiu tudo o que Breq conhecia, e agora só lhe resta um único e frágil organismo humano para enfrentar o império. ousada, poderosa e emocionante.

O mercado literário de ficção cientifica no Brasil não tem muitos livros que possam receber o rótulo de space opera (subgênero da ficção especulativa que enfatiza a viagem interestelar e as batalhas espaciais, onde a narrativa principal da história é centrada em torno de conflitos interestelares e no drama). Por esse motivo, foi uma grata surpresa ter lido “Justiça Ancilar”, que representa muito bem esse subgênero da ficção científica.

A história gira em torno de Breq, que outrora era a Inteligência Artificial da Justiça de Toren, uma máquina de guerra estelar, que tinha milhares de ancilares, corpos humanos nem vivos e nem mortos, que ela podia controlar. Dessa forma, Breq era várias e uma só entidade ao mesmo tempo.

Alternando entre o passado e o presente, acompanhamos Breq tendo que lidar com os desafios de ser um indivíduo e não mais um coletivo nos dias atuais, enquanto somos apresentados a suas lembranças sobre a traição da Imperatriz que quase a levaram a destruição completa de Breq.

Outro aspecto desenvolvido do qual gostei bastante é como a escritora Ann Leckie mostra que mesmo Breq, enquanto uma IA coletiva, vai criando características únicas entre suas ancilares. Inclusive, essa questão de diferenciação de indivíduo para o que deveria ser uma inteligência coletiva, é o fio condutor para uma conspiração envolvendo a Imperatriz (que também é formada por vários indivíduos) que pode causar a destruição do Império Estelar Humano.

Para reforçar essa questão de coletividade, a autora de ”Justiça Ancilar” classifica todos os personagens e integrantes do Império Estelar Humano como femininas, porém isso não quer dizer que são mulheres, mas apenas indivíduos de um coletivo maior. O quero dizer é que mulheres são seres femininos e os homens também são seres femininos.

A trama de “Justiça Ancilar” é bastante complexa com um cisma dentro da coletividade da Imperatriz, resultante de um massacre, que mesmo sendo amparada pela lei do Império Estelar Humano, foi injustificável. E essa cisão na persona que representa o Poder Imperial Humano envolve uma raça alienígena muito mais avançada e brutal que a nossa.

Agora, senti falta de um glossário em “Justiça Ancilar”, pois Ann Leckie escreve uma história cheia de detalhes e termos a respeito da política, cultura e economia do Império Estelar Humano. Muitas vezes me senti perdido quando um determinado jargão, que apesar de ser explicado quando surge pela primeira vez na história, vai se repetindo, o que faz com que tenhamos que procurar nas páginas seu significado. Se houvesse esse compilado de termos, acredito que a imersão na trama de “Justiça Ancilar” seria muito maior. Acredito que no material original não exista esse extra, mas a Aleph bem que poderia ter solicitado a escritora e quem mais detém os direitos, para criar um glossário para a edição brasileira.

“Justiça Ancilar” tem tudo que os amantes de space opera gostam: naves estelares gigantescas, tramas palacianas intricadas e raças alienígenas querendo erradicar a humanidade do Universo. O problema é que ler “Justiça Ancilar” é pedir para ficar no vácuo, pois ele é o primeiro livro da trilogia do “Império Radch” (tradução livre). Conversando pelo direct com a Aleph, a editora disse que as vendas do primeiro volume da trilogia não foram suficientes para investir em uma série literária que não vai dar retorno financeiro, ainda mais no cenário de pandemia.

Como disse acima, vá por sua própria conta e risco, pois dificilmente veremos a conclusão da trilogia do “Império Radch” no Brasil. Uma alternativa é, se sabe inglês, então vá fundo e consuma esse verdadeiro representante da space opera que é “Justiça Ancilar”

Da minha parte, digo que vale muito a pena ler “Justiça Ancilar”!

Ficha Técnica

Título Original: Ancillary Justice

Título no Brasil: Justiça Ancilar

Autor: Ann Leckie

Tradutor: Fábio Fernandes

Capa: Comum

Número de páginas: 384

Editora: Aleph

Idioma: Português

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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