SINOPSE: Hua Mulan (Liu Yifei) é a espirituosa e determinada filha mais velha de um honrado guerreiro. Quando o Imperador da China emite um decreto que um homem de cada família deve servir no exército imperial, Mulan decide tomar o lugar de seu pai, que está doente. Assumindo a identidade de Hua Jun, ela se disfarça de homem para combater os invasores que estão atacando sua nação, provando-se uma grande guerreira
“Se faz dinheiro, bora filmar!” Esse é o lema em Hollywood, e ninguém gosta mais da bufunfa que o Mickey, o rato danado. Não é atoa que comprou, por enquanto, a Marvel e a FOX. Por trazer um lucro considerável, a Disney vem fazendo live-actions de várias de suas animações, sendo que uma de suas animações mais famosas não poderia ficar de fora. É claro que estou falando de “Mulan”.
Desde seu anúncio, “Mulan” movimentou as pessoas, tanto positivamente, quanto negativamente. Particularmente, fiquei bastante empolgado e ansioso com o notícia desse live-action e com tudo que foi saindo (trailers e pôsteres). Dessa forma, minha expetativa em relação a “Mulan” era a mais alta possível, chegando a colocá-lo como um dos filmes a disputar o Top 3 de 2020 do Cinemaníacos. Depois de tantos percalços devido a pandemia de Covid, finalmente assisti ao longa-metragem e posso dar minha opinião sobre essa produção cinematográfica da Disney.
A primeira coisa que me chamou atenção em “Mulan” são as cores. Seja nas roupas, nos cenários ou nas locações; o filme é muito colorido e bonito nesse aspecto. A impressão de que o longa-metragem passa é de estarmos vendo uma animação com atores e atrizes reais. Essa paleta de cores explodindo na tela realmente me impressionou.
Mas apesar dessa primeira boa impressão de que “Mulan” me passou, o restante do filme me deixou a impressão de “quase”. Calma, que vou explicar o que quero dizer com isso. Desde a primeira notícia e os materiais promocionais liberados posteriormente, a impressão que fiquei era que esse filme seria um épico mais próximo da lenda chinesa a respeito da protagonista. Mas em alguns aspectos que vou destacar, tudo fica no quase: algo entre o grandioso e o medíocre.
Vamos começar pela própria grandiosidade que o live-action vende em seus trailers, pôsteres e imagens liberadas. A ideia vendida pelo marketing é que veríamos um épico cinematográfico. E apesar do elenco e da estética cinematográfica chinesa, essa grandiosidade não acontece. E um exemplo do que estou falando é quando temos as sequências de batalhas no meio do filme ou dentro da Cidade Imperial. A sensação que eu tive no começo desses confrontos é que algo grandioso iria acontecer, mas o resultado é bem menor do que esperava.
A mesma sensação de “quase” acontece com as cenas de luta. Por ser um filme com um estética chinesa e com todo o material promocional apresentado, esperava uma coreografia de Kung Fu impressionante, até porque temos grandes atores de filmes de ação como Donnie Yen (o Ip Man de “O Grande Mestre”) e Jet Li (que só fui saber que era o imperador da China no longa-metragem depois que pesquisei na internet para fazer essa resenha). Mas o resultado final é algo bem brochante. Sabe aquela cena em que Mulan anda pelas paredes em um corredor lotado de inimigos? Então, é só aquilo mesmo, não havendo um desenvolvimento depois daquilo. Mesmo quando temos Donnie Yen e Jet Li, atores que manjam de porrada, ou as cenas são medíocres ou mal desenvolvidas.
O próprio roteiro de “Mulan” é mal desenvolvido, reforçando essa sensação de “quase”, e algumas situações demonstram isso claramente, sendo quase todas elas em torno de Mulan. Quando nossa protagonista foge com a espada, armadura e o cavalo do pai par se juntar ao exército imperial chinês, em determinado momento ela passa fome e sede por estar perdida, e então, milagrosamente, ela encontra o caminho. Em outro momento, já fingindo ser homem e treinando para ser um soldado imperial, Mulan está tomando banho no lago e surge seu interesse amoroso e uma saia justa se apresenta (afinal, ela está nua e corre o risco de ser descoberta), mas tudo é resolvido muito rápido, com direito a um discurso motivacional digno dos melhores coachings. O que quero dizer com apenas esses dois exemplos, é que TODAS as situações em que poderia haver um desenvolvimento mais profundo, principalmente na questão de Mulan procurar seu espaço em uma sociedade machista como a da época, acaba sendo resolvida rapidamente ou deixada de lado.
Mas de uma coisa os fãs da animação de 1998 não podem reclamar, que é o cuidado que a diretora, os roteiristas e produtores tiveram com o material original. Muitas situações que vemos no desenho estão presentes no live-action. Somente a cantoria chata para caraio não ocorre em “Mulan”, algo que me agradou bastante. Segundo a diretora Niki Caro, a ideia era fazer um filme mais próximo da lenda chinesa, por isso as músicas e próprio Mushu não estão presentes.
Fiquei bem triste quando terminei de assistir “Mulan”. O primeiro motivo para minha tristeza é que o longa-metragem é “quase” em quase todos os aspectos (é muito “quase” na mesma frase, não é mesmo? Hehehehehehe). Esperei cenas de luta com belíssimas coreografias e não foi isso que vi. Esperei cenas de batalhas entre exércitos e não foi isso que vi. Esperei um desenvolvimento melhor da situação de Mulan não se encaixar em uma sociedade que via mulheres apenas com esposas submissas (até porque é isso que foi vendido) e não foi isso que vi.
O segundo motivo para minha tristeza, é que apesar de ser um longa-metragem do “quase”, “Mulan” foi filmado para ser exibido na telona do cinema com o som Dolby Digital 7.1 (eita Emmanuelle, hahahahahaha), e não para ser transmitido somente pelos telas menores da TV, computadores e celulares.
Apesar de ser o filme do “quase” em quase tudo, me diverti durante seus 115 minutos de duração. Por esse motivo, que é a da diversão proporcionada, vou dizer que vale a pena assistir “Mulan”. Mas no mais, por causa da minha alta expectativa (inclusive por colocá-lo como um pré-candidato ao Top 3 de 2020), foi uma tremenda decepção.
Ficha Técnica:
Título Original: Mulan
Título no Brasil: Mulan
Gênero: Fantasia
Duração: 115 minutos
Direção: Niki Caro
Produção: Chris Bender, Tendo Nagenda, Jason T. Reed, Jake Weiner
Roteiro: Rick Jaffa, Amanda Silver, Lauren Hynek, Elizabeth Martin
Elenco: Yifei Liu, Donnie Yen, Tzi Ma, Jason Scott Lee, Yoson Na, Ron Yuan, Gong Li, Jet Li
Companhias Produtoras: Walt Disney Pictures, Jason T. Reed Productions, Good Fear Productions
Distribuição: Walt Disney Studios Motion Pictures