Filmes – Os Novos Mutantes

Então, qual o tom de “Os Novos Mutantes”? O filme se assemelha muito a uma animação do tipo “Os Jovens Titãs” ou “X-Men: Evolution”, tanto no ritmo narrativo como no roteiro. Danielle Moonstar / Miragem vê seu pai ser morto por alguma coisa grande e perigosa e então desmaia. A cena corta para ela acordando no instituto gerenciado pela Dra. Reyes que explica que ali é um local para que os mutantes adolescentes aprendam mais sobre seus poderes. Depois, vamos aos poucos conhecendo os dramas e traumas de cada um dos personagens presos ali. Do meio para o fim, os adolescentes colocam suas diferenças de lado para enfrentar o Urso Místico, o vilão da história. Tudo isso que falei até agora acontece muito rápido, como se estivéssemos vendo uma desenho de super-heróis. E por mais que eu quisesse ver um filme de terror com super-herói, essa sensação de estarmos vendo um desenho animado com mutantes, ágil e aventuresco, é muito legal.

“Os Novos Mutantes” mostra que teria ligação com os demais filmes dos mutantes quando produzidos pela FOX, pois em uma visão de Miragem, vemos cenas de um outro instituto para mutantes que está presente em “Logan”. Aliás, o diretor Josh Boone declarou que a ideia era fazer uma trilogia dos mutantes adolescentes. Inclusive o misterioso mutante que financia o hospital / prisão desse longa-metragem acaba por ter sua identidade revelada: Senhor Sinistro (mas essa revelação é só para quem acompanha mais de perto os quadrinhos dos  X-Men).

Pela mudança no tom de “Os Novos Mutantes”, algumas situações não funcionam, sendo Illyana Rasputin / Magia um exemplo. Fica evidente que a personagem deveria ser muito mais sombria e atormentada, pois os homens risonhos que a perseguem são manifestações de seus traumas devido a abuso infantil. Mas quando ela diz que matou 18 homens, um a um, a minha reação foi: “Tá, e daí?”. Ou seja, esses traumas, violência e escuridão existente na alma de Illyana não tem peso nenhum. E essa falta de relevância em relação aos traumas acontece com todos os personagens.

Os aspectos técnicos do filme não são lá grande coisa. Fotografia e efeitos especiais são utilizados de forma competente e servem ao propósito de criar o cenário necessário onde a trama vai desenrolar. O roteiro é bem raso e não espere nenhuma grande fala ou tema profundo e as atuações estão no mesmo nível da história do longa-metragem. Com exceção Anya Taylor Joy que já demonstrou e provou seu talento em vários outros filmes (mas que aqui tem uma presença em cena bem ruim), o elenco não possui nenhum grande ator ou atriz, sendo escalado mais por sua fama oriunda de outros trabalhos: Maisie Williams por “Game of Thrones” e Charlie Heaton por “Stranger Things”.

Parece que estou elencando só pontos negativos, um atrás do outro. Mas no momento que me vi vendo um filme com ritmo de animação de super-heróis, “Os Novos Mutantes” se tornou uma experiência divertida. Agora se você assistir com outras expectativas ou expectativas altas demais, sua decepção será grande.

Por ser um filme com um enredo e estrutura técnica simples, acho que já falei até demais sobre “Os Novos Mutantes”. É um filme sem muito mistério, que tem como objetivo entreter somente, e por esse motivo nunca entrará na lista de melhores do cinema e nem na lista de melhores que alguém já tenha assistido.

Pela diversão que me proporcionou, digo que vale a pena assistir “Os Novos Mutantes”.