A Criatura de Andrew Pyper

SINOPSE: Lily Dominick, uma psiquiatra forense, precisa avaliar a sanidade de um criminoso. Só que este não é o típico psicopata com quem ela está acostumada a lidar. Há algo diferente neste homem. Algo mágico, sinistro e íntimo, que, de alguma maneira, parece conectado com sua infância, no Alasca. Quando tinha apenas seis anos, sua mãe morreu de forma brutal e misteriosa. Ao contrário do que concluiu a polícia na época, ela sabe que o responsável não foi um urso faminto. Entre lembranças imprecisas e pesadelos constantes, Lily esconde uma certeza: quem matou sua mãe foi… um monstro real.

     Considerado um dos sucessores do Stephen King pelo jornal Daily Mail, Andrew Pyper sempre foi presença na lista dos mais vendidos do New York Times. Seu livro de estreia no Brasil foi “O Demonologista”, que não faz jus às várias críticas positivas e nem as premiações que recebeu, com uma história mau ajambrada, desconexa e um final decepcionante. A sua segunda obra a chegar para os leitores tupiniquins foi “Os Condenados”, com uma trama bem mais amarrada e envolvente, mas que se perde no terço final e apresenta, mais uma vez, um desfecho desapontador.

     “A Criatura” é o terceiro livro de Andrew Pyper publicado pela Darkside, e o comprei muito mais pela sinopse do que pelas experiências anteriores. Aliás, devo dizer que as sinopses das obras desse escritor são excelentes, pois são realmente instigantes.

     A história de “A Criatura” gira em torno de Lily Dominick e Michael. Ambos os protagonistas cumprem suas funções narrativas, mas a tentativa de dar profundidade a eles não funciona na maior parte da leitura, tornando a leitura nessas partes enfadonha. Mas a frustração é um pouco maior com Michael, pois sua história não empolga, mesmo sendo um “homem” que tem relação direta com “Frankenstein” de Mary Shelley, “O Médico e o Monstro” de Robert Louis Stevenson e “Drácula“ de Bram Stoker.

     Ainda em relação a Michael, senti uma espécie de freio autoimposto por parte do escritor, que me pareceu censurar e amenizar a perversão e a violência que ele era capaz de realizar. Ao longo da leitura, vemos que esse “homem” é dividido em duas personas, sendo uma delas, algo verdadeiramente demoníaco. Não estou dizendo que não existem cenas violentas, mas nos momentos em que a criatura toma o controle da luz, esperava um verdadeiro banho de sangue pela forma como é construída essa aura de malignidade enclausurada.

     Com sua trama ancorada na “Divina Comédia”, mais especificamente “Inferno”, “O Demonologista” traz várias referências a respeito da obra de Dante Alighieri, mas de forma desorganizada e jogada. Em “A Criatura” temos a mesma fórmula para compor a narrativa, mas ao contrário do livro de estreia de Andrew Pyper, as informações sobre “Frankenstein”, “O Médico e o Monstro” e “Drácula“ estão bem inseridas e cumprem seu papel de fatos importantes para a história, e não somente notas para saciar a curiosidade do leitor.

     O final, algo que Andrew Pyper não soube desenvolver nos dois livros anteriores, em “A Criatura” é satisfatório e condizente com o impacto que obtive com a história apresentada. Não é nenhum desfecho que me fez pensar “eita porra!”, mas a leitura também não é uma experiência surpreendente.

     “A Criatura” é o livro mais organizado em termos narrativos de “Andrew Pyper”, mas com um impacto menor quando comparado com “Os Condenados”, que apresenta uma criatura mais assustadora (afinal o objetivo de uma história de terror é assustar). É uma leitura burocrática, mas que demonstra que o escritor está evoluindo a cada nova obra. Por essa evolução, digo que vale a pena ler “A Criatura”.

Ficha Técnica

Título Original: The Only Child

Título no Brasil: A Criatura

Autor: Andrew Pyper

Tradutor: Cláudia Guimarães

Capa: Dura

Número de páginas: 304

Editora: Darkside

Idioma: Português

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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