Em 2011, após a conclusão da saga “Flashpoint”, ocorreu “Os Novos 52”, uma renovação pela DC Comics de toda a sua linha de HQs mensais de super-heróis, onde foram cancelados todos os seus títulos existentes e relançando 52 novas séries. A nova continuidade apresentou novos visuais e mudanças nas histórias para muitos dos heróis e vilões de longa data da DC.

Com certeza, o Batman foi o super-herói mais bem trabalhado na fase dos “Novos 52”, e nessa resenha vamos falar de dois títulos dessa fase editorial da DC: “A Corte das Corujas” e “A Noite das Corujas”, capitaneadas pelos talentosíssimos Scott Snyder e Greg Capullo.

Batman: A Corte das Corujas de Scott Snyder

SINOPSE: “A Corte das Corujas vigia, vigia o tempo inteiro”. Batman já ouviu falar sobre o conto da Corte das Corujas. Há séculos reunindo-se nas sombras e usando a ave de rapina noturna como seu cartão de visita, é dito que os membros dessa temível e poderosa cabala são os verdadeiros donos de Gotham City. Mas o Cavaleiro das Trevas nunca acreditou em tais lendas. Para o herói, Gotham é sua cidade. Até agora. Um assassino brutal, munido de afiadas lâminas-garra, vem vitimando algumas das maiores (e algumas das mais perigosas) personalidades de Gotham. Se a antiga lenda for verdadeira, os mestres desse guerreiro sombrio podem se provar predadores mais poderosos que o Batman jamais imaginou – e seus ninhos estão em todos os lugares.

Cinco anos se passaram desde o retorno de Bruce Wayne a Gotham. Se sentindo responsável pela cidade cada vez mais decadente, o bilionário tem um plano de revitalização da metrópole que visa melhorar a vida principalmente dos mais necessitados. Mas esse projeto esbarra em uma lenda: a Corte das Corujas. E o que parecia somente uma fábula, se torna um confronto entre esse grupo misterioso e o Batman pelo controle da cidade.

Para quem gosta de histórias que mostram o Batman detetive, “A Corte das Corujas” explora com excelência o lado detetivesco do Homem-Morcego, mostrando sua busca por evidências que provem a existência da Corte as Corujas: um grupo poderoso, que exerce influência e controle sobre Gotham desde a sua fundação e que está infiltrado em todos os lugares, inclusive na própria família Wayne. Inicia-se então um jogo onde o Batman é manipulado fazendo-o pensar que é o caçador, mas na verdade é a caça. A Corte das Corujas se mostra um dos oponentes mais perigosos e difíceis de todos os 80 anos do Cavaleiro das Trevas, levando-o aos seus limites físicos e mentais.

A história escrita por Scott Snyder é inteligente e envolvente. A narrativa é muito boa e trabalhada em uma crescente, criando expectativa e apreensão que só as melhores histórias de suspense são capazes de infligir. Scott Snyder mostra poque é um dos grandes autores de quadrinhos da atualidade ao trazer para essa HQ um ritmo cinematográfico e por conseguir inovar e trabalhar ao mesmo tempo com conceitos já enraizados do Batman, agradando assim os fãs mais antigos e os novos leitores.

Com certeza não foi uma tarefa fácil desenhar um roteiro tão bom como o apresentado em “A Corte das Corujas”, mas Greg Capullo com seus traços e sua paleta de cores conseguiu tornar palavras e ideias em um show visual a cada página. Utilizando sua experiência em estampar o Spawn, ele traz um Batman quase sempre oculto nas sombras, onde muitas vezes só vemos seus olhos inquisidores. A arte de Capullo é fluída e dinâmica conseguindo trazer tensão aos momentos sombrios e adrenalina às sequências de ação.

O trabalho de Snyder e Capullo em “A Corte das Corujas” é algo excepcional, transformando essa HQ em uma das melhores e mais rentáveis histórias do Batman (chegando a figuras na lista de best-seller do New York Times) de todos os tempos.

Meu único arrependimento em relação a essa HQ foi ter demorado tanto tempo para lê-la, pois “A Corte das Corujas” é um dos melhores títulos lançados dos “Novos 52” e uma das melhores histórias do octogenário Batman.

Vale muito a pena ler “A Corte das Corujas”!

 

Batman: A Noite das Corujas de Scott Snyder

SINOPSE: QUEM É O VERDADEIRO DONO DE GOTHAM CITY? Por mais de um século, a Corte das Corujas governou Gotham em segredo com crueldade e ganância irrefreáveis. Até o dia em que entrou em conflito com o Batman… Após ser capturado, o maior dos vigilantes da cidade conseguiu escapar das garras da Corte com sua mente e seu corpo quase esgotados. Uma batalha vencida pelo Homem-Morcego, mas com certeza, apenas o prenúncio de uma guerra muito maior. Depois de atacar o herói, a cabala secreta agora mira um alvo muito maior: a própria Gotham City! Com sua identidade secreta, seu lar e a confiança de seus amigos em cheque, o Cavaleiro das Trevas terá de enfrentar um exército de garras programados para destruí-lo, sob o risco de ver seu mundo e tudo que acredita queimar!

Batman consegue fugir de uma armadilha que visava destruí-lo física e emocionalmente, mas isso desencadeia a Noite das Corujas: a liberação de todos os Garras, os assassinos imortais da Corte das Corujas, com o objetivo de matar as pessoas mais proeminentes de Gotham, e assim restabelecer a “ordem”. Conclusão do arco iniciado em a “Corte das Corujas”, “A Noite das Corujas” me parece mais uma decisão editorial em vender mais quadrinhos que propriamente uma decisão criativa de Scott Snyder.

As duas primeiras partes de “A Noite das Corujas” mostram a Bat-família tentando deter um exército de Garras e o surgimento de um novo inimigo que tem uma ligação familiar com o Homem-Morcego. Ao trazer essas partes em “A Noite das Corujas” toda a qualidade narrativa que vimos “A Corte das Corujas” se perde, pois o que vemos é apenas uma grande sequência de ação. Esses dois capítulos fazem muito mais sentido se estivessem inclusas em “A Corte das Corujas”, pois encerrariam com muita ação uma história de investigação recheada de suspense e terror psicólogo do maior detetive  da DC. Ou seja, uma HQ completa com direito a um spin-off mostrando o pai de Alfred, em um conto que mostra como a Corte das Corujas manipulava o destino das pessoas, inclusive o da família Wayne, há muito tempo.

Os outros dois capítulos apresentam histórias que se ligam à trama principal, com a participação do Senhor Frio em um deles. Na minha opinião, tramas desenvolvidas com o único objetivo de aumentar o número de páginas e assim lançar uma edição separada.

Por achar que “A Noite das Corujas foi uma decisão editorial de publicar de forma desnecessária uma história em duas edições, senti uma queda gigantesca na qualidade narrativa de Scott Snyder. Além disso, temos alguns outros desenhistas além de Greg Capullo para compor “A Noite das Corujas”, o que aumentou ainda mais essa minha sensação de uma obra de nível inferior quando comparada “A Corte das Corujas”. Não que os artistas sejam ruins, mas eu não gostei do traço deles. Além do mais, quando nos deparamos com a arte sensacional de Greg Capullo, nosso senso de qualidade sobe bastante.

Se “A Corte das Corujas” é só elogios da minha parte, “A Noite das Corujas” me pareceu uma HQ desconjuntada com o único objetivo de tirar mais dinheiro do leitor. Vale a pena ler “A Noite das Corujas”? Vou dizer que sim pois não há outra forma de saber qual o desfecho desse embate do Batman contra a Corte das Corujas, um dos oponentes mais perigosos e mortais do panteão de vilões do Homem-Morcego.

Ficha Técnica:

Título Original: The Court of Owls

Título no Brasil: A Corte das Corujas

Autor: Scott Snyder

Desenhista: Greg Capullo

Capa: Dura

Número de páginas: 176

Editora: Panini

Idioma: Português
Ficha Técnica:

Título Original: Night of the Owls

Título no Brasil: A Noite das Corujas

Autor: Scott Snyder

Desenhista: Greg Capullo

Capa: Dura

Número de páginas: 212

Editora: Panini

Idioma: Português

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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