Muito antes da criação do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel), os x-Men juntamente com o Homem-Aranha já eram os carros-chefes de vendas de quadrinhos da Casa de Ideias. Com o sucesso do Cabeça de Teia, bem como o Hulk, Thor, Homem de Ferro e o Quarteto Fantástico, Stan Lee e Jack Kirby queriam criar outro grupo de super-heróis que já nasciam com superpoderes. Lee inventou o título da série após o editor-chefe da Marvel, Martin Goodman recusar o nome inicial “The Mutants”, afirmando que os leitores não sabiam o que era um “mutante”. Então, em 1963, surgia os X-Men.

Os mutantes são humanos que nasceram com o gene-X, conferindo a eles habilidades super-humanas latentes, que geralmente se manifestam na puberdade. Por serem vistos como o novo degrau da evolução humana, o Homo superior passa a ser considerado uma ameaça à própria sociedade humana, fato intensificado por mutantes que usam seus poderes para fins criminosos.

Mas a criação dos X-Men não foi um sucesso comercial, chegando a ter sua publicação cancelada devido às baixas vendas. Até que em 1975, com a publicação da “Segunda Gênese”, Chris Claremont resgatou e definiu o que os Filhos do Átomo são até hoje. O sucesso foi tanto que Claremont ficou 16 anos escrevendo as histórias dos X-Men, e junto com John Byrne, trouxeram algumas das melhores histórias da indústria de quadrinhos de todos os tempos: a “Saga da Fênix Negra” e “Dias de Um Futuro Esquecido”.

Com a saída de Chris Claremont em 1991, os X-Men amargaram anos bem ruins, só voltando ao seu lugar de destaque nos anos 2000, com histórias que retornavam a suas origens ao mesmo tempo que trazia novos elementos para a mitologia dos Filhos do Átomo. Dentre essas histórias, destaco “E de Extinção” de 2001 e “Dinastia M” de 2005.

Dinastia M de Brian Michael Bendis

SINOPSE: A história que redefiniu o destino dos mutantes da Marvel! E houve um dia, um dia como nenhum outro, em que os Vingadores tombaram! A queda da equipe não foi obra de nenhum velho inimigo ou supervilão, mas de alguém da própria equipe: a Feiticeira Escarlate! Num rompante de loucura e uso indiscriminado de seus poderes de alteração da realidade, Wanda Maximoff se voltou contra seus companheiros levando alguns deles à morte e afetando profundamente todos aqueles que restaram. E agora, integrantes dos Vingadores e dos X-Men se reúnem para decidir qual será o destino da filha de Magneto, o Mestre do Magnetismo, sem suspeitar que podem estar prestes a condenar uma raça inteira ao declínio!

Na HQ “A Queda”, Wanda Maximoff ao relembrar que seus filhos foram apagados, perde o controle sobre seus poderes de alteração da realidade, causando diversos eventos que resultam na morte do Homem-Formiga, do Gavião Arqueiro e do Visão.

Wanda Maximoff ao descobrir que ela foi a responsável pela morte do Gavião Arqueiro (um de seus amigos mais antigos) e do Visão (seu marido), fica ainda mais instável psicologicamente e incapaz de controlar seus poderes de alteração da realidade, se tornando uma ameaça para todo o universo. Dessa forma Charles Xavier reúne os Vingadores e os X-Men para decidirem se a Feiticeira Escarlate deve ou não morrer. Assim começa “Dinastia M” escrita Brian Michael Bendis e desenhada por Olivier Coipel.

Sem chegar a um consenso, os Vingadores e os X-Men partem para Genosha (agora em ruínas devidos aos ataques realizados pelos Sentinelas em “E de Extinção”), para ver a Feiticeira Escarlate e tomarem uma decisão. Mas chegando lá um clarão engolfa os super-heróis, e quando acordam suas vidas foram alteradas: agora eles vivem em um mundo onde seus maiores desejos foram realizados e a raça mutante domina a Terra.

Wolverine por ter sofrido diversas lavagens cerebrais, é o primeiro a acordar desse “sonho” e vai atrás dos super-heróis para despertá-los também. Logo eles partem para Genosha, agora a nação mais poderosa do planeta e lar do monarca Magneto e sua família real, para tentar reverter as alterações na realidades feitas pela Feiticeira Escarlate.

Um grande conflito se inicia, e um determinado momento Mercúrio, irmão de Wanda Maximoff, é morto por Magneto. Totalmente transtornada pelo assassinato de Pietro Maximoff, a Feiticeira Escarlate diz uma das falas mais emblemáticas de toda a história dos X-Men: “Chega de mutantes!”

Ao dizer essa frase, a Feiticeira Escarlate apaga o gene-X de quase 1 milhão de mutantes, sobrando somente 198 ao todo, e assim praticamente decretando a extinção de uma espécie inteira (já que sem o gene-X, não nasceriam mais mutantes).

Acredito que “Dinastia M” seja meu primeiro contato com o trabalho de Brian Michael Bendis, mas para que possam entender o quanto fiquei admirado com o roteiro dele, afirmo que se “Dinastia M” fosse um livro sem a parte visual, seria um dos melhores que já li na minha vida. Brian Michael Bendis consegue transmitir com clareza e profundidade todas as situações descritas, todas as emoções existentes. Seu texto é tão rico e empolgante que ao mesmo tempo que tive a sensação de ler 400, 500 páginas (sendo que a HQ tem 208 laudas), fiquei triste por ser uma leitura rápida e querendo muito mais.

Sempre digo que nenhuma HQ empolga o leitor se a arte não estiver à altura do roteiro. Pela qualidade do roteiro,  o escolhido para executar a difícil tarefa de desenhar e dar vida às palavras de “Dinastia M” foi Olivier Coipel. Com um traço detalhista, o artista consegue transmitir toda a essência existente na história desenvolvida por Brian Michael Bendis. O resultado do trabalho de Coipel é sensacional, e as imagens contidas nessa resenha atestam a excelência de sua arte.

Li e ouvi muitos elogios sobre “Dinastia M”, mas sempre os achei supervalorizados. Mas depois de ler essa HQ preciso fazer duas afirmações que os fãs mais puristas dos X-Men podem considerar sacrilégio: que a dupla Bendis / Coipel está no mesmo nível que Claremont / Byrne, e que “Dinastia M” é tão icônica quanto a “Saga da Fênix Negra” e “Dias de Um Futuro Esquecido”.

Até hoje, “Dinastia M” ainda impacta na vida dos mutantes da Marvel. Mesmo após 15 anos do seu lançamento, a frase “Chega de mutantes!”, dita pela Feiticeira Escarlate, ainda traz consequências para os X-Men.

História empolgante! Arte fenomenal! Vale muito a pena ler “Dinastia M”!

Ficha Técnica:

Título Original: House of M

Título no Brasil: Dinastia M

Autor: Brian Michael Bendis

Desenhista: Olivier Coipel

Tradutor: Fernando Lopes, Sérgio Miranda, Alexandre Callari

Capa: Dura

Número de páginas: 208

Editora: Salvat

Please follow and like us:

Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *