SINOPSE: E se o Anticristo estivesse entre nós? E se ele fosse uma criança e fosse o seu filho?
“A Profecia” forma junto com “O Bebê de Rosemary” de Ira Levin e “O Exorcista“ de William Peter Blatty, a trindade demoníaca da literatura de terror. Os três livros viraram filmes, mas enquanto as obras literárias de Ira Levin e William Peter Blatty foram lançadas e depois foram para os cinemas, “A Profecia” foi escrito como material promocional para o longa-metragem que estava sendo produzido.
A sinopse dessa resenha é curta porque se você é fã de terror deve conhecer essa história (graças ao filme de 1976 e ao remake de 2006, já que o livro se encontrava esgotado há mais de 40 anos aqui no Brasil). Depois do surgimento de uma estrela negra nos céus, as entranhas da terra emitem um som que vai aumentando de volume e intensidade até ascender aos céus. Esse som anuncia um evento descrito na Bíblia: o nascimento de uma criança no sexto mês, no sexto dia, na sexta hora.
Uma das coisas que mais gostei no livro é a forma como foi trabalhada a personalidade de Damien, que ao contrário do filme onde parece existir uma percepção de sua parte sobre sua origem (sorrisos diante uma situação ou uma troca de olhares com a Sra. Baylock), não há indícios (pelo menos não notei enquanto lia), ele saiba de sua herança e destino malditos. David Seltzer apresenta uma criança que calada, mas que brinca e ri, que sente medo e chora, e mostrá-lo dessa forma é genial, pois mesmo sabendo que Damien é o Anticristo, não consegui deixar de me preocupar ao vê-lo aos prantos e assustado devido a alguma situação em que corre perigo ou que pode ser machucado. Nesses momentos via somente uma criança frágil de quatro anos.
A Sra. Baylock é outra personagem que se apresenta bem diferente do que vi nos filmes. Esqueça a mulher frágil e amável, e conheça uma irlandesa corpulenta e enérgica que demonstra alguns hábitos estranhos: o de passear sozinha e à noite pelos bosques e de se maquiar de forma exagerada e assustadora.
O livro revela detalhes que envolvem a vinda do Anticristo: o plano da seita satanista para trazê-lo novamente, os detalhes da sua concepção, qual o papel do padre Spilletto, padre Tassone e da irmã Maria Teresa, qual o verdadeiro papel de Bugenhagen e a história de Megido. Essas e outras particularidades, que nos filmes ou não são mostrados ou se apresentam de forma diferente, enriquecem a história de “A Profecia”, a tornando ainda mais atraente e imersiva.
Mas em compensação o filme suprime boa parte do livro que envolve a política e a economia mundial da época. Robert Thorn é assessor econômico e amigo do Presidente dos Estados Unidos, que tem a missão de acabar com a crise do petróleo causada pela revolta da OPEP (fato histórico que realmente ocorreu na década de 1970). Apesar dessa parte aprofundar a importância de Thorn para o plano da seita satânica, se fosse mostrado somente o que vimos no longa-metragem, não estragaria a narrativa da obra literária.
Além dessa aura bíblica, o livro é bastante violento em alguns momentos como o ataque de cães no cemitério de Cerveteri ou assassinato do filho verdadeiro dos Thorn, Esse e outros momentos são mostrados com uma riqueza de detalhes perturbadores, e que foram amenizadas nos filmes.
David Seltzer apresenta uma escrita contagiante e ágil, transformando a leitura de “A Profecia” em uma experiência muito divertida e quase compulsiva. É difícil parar de ler o livro, e dependendo do seu ritmo de leitura, é possível lê-lo em único dia.
“A Profecia” é um clássico indispensável para os amantes da literatura de terror, que definiu os rumos de como abordar nas obras de ficção a vinda do Anticristo.
Vale muito a pena ler “A Profecia”!
Ficha Técnica
Título Original: The Omen
Título no Brasil: A Profecia
Autor: David Seltzer
Tradutor: Alexandre Callari
Capa: Dura
Número de páginas: 280
Editora: Pipoca e Nanquim
Idioma: Português