SINOPSE: Carrie é uma adolescente tímida e solitária. Aos 16 anos, é completamente dominada pela mãe, uma fanática religiosa que reprime todas as vontades e descobertas normais aos jovens de sua idade. Para Carrie, tudo é pecado. Viver é enfrentar todo dia o terrível peso da culpa. Para os colegas de escola, e até para os professores, Carrie é uma garota estranha, incapaz de conviver com os outros. Cada vez mais isolada, ela sofre com o sarcasmo e o deboche dos colegas. No entanto, há um segredo por trás de sua aparência frágil: Carrie tem poderes sobrenaturais, é capaz de mover objetos com a mente. No dia de sua formatura, Carrie é surpreendida pelo convite de Tommy para a festa – algo que lhe dá a chance de se enxergar de outra forma pela primeira vez. O ato de crueldade que acontece naquele salão, porém, dá início a uma reviravolta cheia de terror e destruição. Chegou a hora do acerto de contas.
Em 1973, Stephen King, um escritor iniciante que trabalhava como professor de inglês no ensino médio e morava em um trailer, estava escrevendo seu quarto romance (os outros três eram “Rage”, “The Long Walk” e “Blaze”) em uma máquina de escrever portátil (na qual ele também escreveria “Misery”) que pertencia à sua esposa Tabitha. Ao terminar a terceira página desse novo romance, o jogou na lata de lixo por considerar que havia escrito o pior livro de todos os tempos do mundo. Sua esposa pegou as páginas da lata de lixo, as leu e encorajou Stephen King a terminar a história e enviá-la para as editoras e revistas. Algum tempo depois, o editor da Doubleday, William Thompson, enviou um telegrama à casa de King no final de março de 1973 dizendo que seu romance seria publicado e enviou um cheque de US$2.500. Um mês depois, a New American Library comprou os direitos de brochura por US$400.000. Lançado em abril de 1974, o livro vendeu mais de 1 milhão de cópias em seu primeiro ano.
Hoje o currículo de Stephen King impressiona: mais de 400 milhões de cópias vendidas, com publicações em mais de 40 países (é o nono autor mais traduzido no mundo). Possui 59 romances publicados incluindo 7 sob o pseudônimo de Richard Bachman, e 6 livros de não ficção, além de cerca de 200 contos. Muitas de suas obras foram adaptadas em filmes, minisséries, séries de televisão e quadrinhos. Mas foi graças a esse romance e a insistência de Tabitha, que tornaram Stephen King no Mestre do Terror da literatura mundial.
Que romance é esse? É claro que estou falando de “Carrie: A Estranha”!
Fazem muitos anos desde o meu primeiro contato com esse livro, então ao relê-lo senti um estranhamento (um trocadilho infeliz, eu sei, hehehehehehe) com o ritmo de “Carrie: A Estranha”. Em muitos momentos achei a história apressada demais, o que não é comum, mesmo em outras obras curtas de Stephen King. Essa espécie de senso de urgência muitas vezes me deixou confuso e tive que voltar a leitura para ver se não perdi algum fato ou acontecimento importante. Fica evidente que o problema aqui sou eu e não a escrita utilizada no livro, pois me acostumei com o ritmo mais cadenciado do Mestre, que gasta um tempo maior (às vezes em excesso) na descrição do cotidiano dos personagens, no desenvolvimento deles. Em “Carrie: A Estranha” esses elementos de construção narrativa estão presentes, mas são usados de forma um tanto atabalhoada.
Mas o que mais me chamou a atenção, e que não me lembrava são algumas das diferenças que o livro tem em relação ao filme de 1976, dirigido por Brian De Palma e estrelado por Sissy Spacek (Carrie), Piper Laurie (Margaret), Amy Irving (Sue), Nancy, John Travolta (Billy), Betty Buckley (no filme, a professora Desjardin) e William Katt (Tommy). Falo especificamente desse longa-metragem, porque as demais adaptações cinematográficas são péssimas.
Talvez a diferença que mais chame a atenção, e que seja a mais conhecida, sejam as aparências de Carrie e Margareth. No Livro, a matriarca da família White é uma mulher forte e grande, muito por trabalhar na lavanderia da cidade e na versão do filme vemos uma pessoa mais franzina. Mas as duas versões apresentam a característica marcante de serem fanáticas religiosas, obcecadas com o pecado e na punição divina. Porém se tivesse que escolher, ficaria com a Margareth do longa-metragem de 1976, que é realmente assustadora.
Já Carrie, é descrita no livro como uma adolescente com alguns quilos e curvas a mais ao que vemos ao olharmos para Sissy Spacek, atriz que interpreta a personagem no filme de 1976. Mas na obra literária, Carrie apresenta uma personalidade um pouco diferente em relação ao longa-metragem: por sofrer anos de abusos físicos e psicológicos tanto em casa como na escola, nossa adolescente telecinética tem pensamentos bem ruins e violentos em relação às pessoas que a molestam. Esses trechos no livro mostram que Carrie é uma personagem que esconde muita dor, a tornando extremamente rancorosa.
A parte final do livro é muito maior e muito mais violenta em relação ao que vimos em qualquer adaptação cinematográfica. Carrie completamente transtornada pelos acontecimentos no baile de formatura, resolve colocar para fora todo seu rancor, indo a forra contra tudo e todos, matando quem vê pela frente e destruindo a cidade em que vive. E é visível ver o prazer que Carrie sente em sua trajetória de morte e destruição. E o desfecho dessa trilha de vingança é totalmente diferente do que foi apresentado nos filmes.
“Carrie: A Estranha” é uma ótima porta de entrada para quem quer conhecer Stephen King. Para quem já conhece suas obras, é sempre bom voltar às origens do Mestre para ver que todos os elementos narrativos e características de sua escrita já estavam presentes desde o início de sua carreira. O que me surpreendeu é que anos de sofrimento, tornaram Carrie White em uma pessoa rancorosa e cruel com um dom extremamente poderoso. A conclusão dessa minha surpresa você já conhece.
Vale muito a pena ler “Carrie: A Estranha”!
![]() | Ficha Técnica: Título Original: Carrie Título no Brasil: Carrie, A Estranha Autor: Stephen King Tradutor: Adalgisa Campos da Silva Capa: Comum Número de páginas: 200 Editora: Suma Idioma: Português |