SINOPSE: Há histórias sobre Mia Corvere, nem todas verdadeiras. Alguns a chamam de Moça Branca. Ou a Faz-Rei. Ou o Corvo. A matadora de matadores. Mas, uma coisa é certa, você deveria temê-la. Quando ela era criança, Darius Corvere – seu pai – foi acusado de insurreição contra a República de Itreya. Mia estava presente quando o carrasco puxou a alavanca, viu o rosto do pai se arroxeando e seus pés dançando à procura do chão, enquanto os cidadãos de Godsgrave gritavam “traidor, traidor, traidor”… No mesmo dia, viu a mãe e o irmão caçula serem presos em nome de Aa, o Deus da Luz. E, embora os três sóis daquela terra não permitam que anoiteça por completo, uma escuridão digna de trevas tomou conta da menina. As sombras nunca mais a largaram. Mia, agora com dezesseis anos, não se esqueceu daqueles que destruíram sua família. Deseja tirar a vida de todos eles. É por isso que ela quer se tornar uma serva da Igreja Vermelha – o mais mortal rebanho de assassinos de toda a República. O treinamento será árduo. Os professores não terão misericórdia. Não há espaço para amor ou amizade. Seus colegas e as provas poderão matá-la. Mas, se sobreviver até a iniciação, se for escolhida por Nossa Senhora do Bendito Assassinato… O maior massacre do qual se terá notícia poderá acontecer. Mia vai se vingar.
Existe dentro do gênero literário de fantasia ramificações que atraem cada vez mais leitores: o Dark Fantasy e o Grimdark, que possuem fronteiras muito estreitas entre si e que muitas vezes se confundem. Esse dois subgêneros são as minhas escolhas preferidas na hora de comprar livros de fantasia.
As “Crônicas da Quasinoite” possui todos os elementos de uma boa obra de Grimdark Fantasy, mas o que mais chama a atenção é a violência: a jornada de Mia Corvere é um verdadeiro banho de sangue que fazem essa trilogia pingar na suas mãos. A escrita de Jay Kristoff é bem detalhada tornando as partes brutais bem vívidas na mente do leitor. Acredito que de todos os livros desse subgênero da fantasia, esses são os mais violentos que já li.
Mas o que as “Crônicas da Quasinoite” tem de violência falta um pouco de “sujeira”. Joe Abercrombie, que considero o expoente máximo do Grimdark Fantasy, utiliza um pouco menos de brutalidade em suas páginas, mas utiliza muito bem essa “sujeira”, essa capacidade de criar a ambiguidade nos personagens e no enredo, fazendo ambos andarem no “cinza” quase que na totalidade de suas histórias (um exemplo disso é Bayaz, o primeiro mago da trilogia “A Primeira Lei”, que apesar de querer impedir uma invasão ao reino que ele protege, visa atender objetivos mais pessoais e mesquinhos). Mia Corvere apesar de estar disposta a tudo para cumprir seus desejos de vingança, apresenta qualidades e características de um herói clássico.
A escrita de Jay Kristoff apresenta semelhanças com a de outros escritores de Dark Fantasy e Grimdark. Como já dito, a violência e a “ambiguidade” da história das “Crônicas da Quasinoite” lembram bastante Joe Abercrombie. A velocidade da leitura lembra bastante Peter V. Brett na série “Ciclo das Trevas”, com diálogos rápidos e ação constante. A esperteza e muitas vezes a canastrice de Mia Corvere para resolver algumas situações lembram muito Jorg Ancrath, protagonista da “Trilogia dos Espinhos” de Mark Lawrence.
Falando especificamente de cada volume das “Crônicas da Quasinoite”, o primeiro é o menos melhor dos três. Em “Nevernight” é mostrado os acontecimentos que levam Mia Corvere a buscar vingança contra as pessoas que destruíram sua vida. E para isso ela deseja entrar para a Igreja Vermelha, um local onde são treinados os assassinos mais mortais da república. O enredo em si me lembrou muito “A Canção do Corvo” de Anthony Ryan, principalmente os shahiids (professores) que ensinam a arte do assassinato para nossa protagonista. Esses instrutores são brutais e sem empatia nenhuma para com seus acólitos, e ministram aulas e testes onde falhar pode significar a morte.
“Godsgrave” é o livro mais sangrento e explosivo da série de Jay Kritoff. Mia se torna uma gladiatii e participa de torneios sangrentos para poder ficar frente a frente com o cônsul e com o arcebispo de Itreya, responsáveis pela destruição de sua família. O segundo volume das “Crônicas da Quasinoite” é quase que uma cópia fiel de “Spartacus”, produção televisiva do canal Starz. A Moça Branca faz o papel de Spartacus, o campeão Furian lembra bastante Crixus em seu desprezo por nossa protagonista, e por aí vai.
“Darkdawn” encerra a trajetória de sangue e violência de Mia Corvere, e aborda de vez questões que nos dois primeiros volumes da série são apenas arranhados: por que Mia Corvere é uma sombria? O que é uma sombria? Qual seu papel na batalha entre Aa, Deus da Luz, e Nia, Deusa da Noite? Assim, o desfecho de sua vingança se entrelaça em um embate milenar entre os deuses da criação de Itreya. A batalha final é titânica envolvendo forças divinas que muito me lembrou o desfecho de “A Flecha de Fogo” de Leonel Caldela.
Ao ler essa trilogia me deparei com características de escrita de outros escritores como Joe Abercrombie, Peter V. Blatt, Mark Lawrence e até do brasileiro Leonel Caldela. Mas Jay Kristoff mistura tudo isso com doses gigantescas de violência e cria sua própria forma de escrever, trazendo uma história sangrenta e turbinada. Meu veredicto? Claro que vale a pena ler “As Crônicas da Quasinoite”!
![]() | Ficha Técnica: Título Original: Nevernight Título no Brasil: Nevernight: A Sombra do Corvo Autor: Jay Kristoff Tradutor: Clemente Pereira Capa: Comum Número de páginas: 608 Editora: Plataforma 21 Idioma: Português |
![]() | Ficha Técnica: Título Original: Godsgrave Título no Brasil: Godsgrave: O Espetáculo Sangrento Autor: Jay Kristoff Tradutor: Clemente Pereira Capa: Comum Número de páginas: 526 Editora: Plataforma 21 Idioma: Português |
![]() | Ficha Técnica: Título Original: Darkdawn Título no Brasil: Darkdawn: As Cinzas da República Autor: Jay Kristoff Tradutor: Clemente Pereira Capa: Comum Número de páginas: 704 Editora: Plataforma 21 Idioma: Português |