SINOPSE: Após um conturbado divórcio, Adam decide tirar um período sabático e se afastar de tudo e de todos que conhece, buscando refúgio em uma pitoresca cidade do interior paulista, onde a estranheza parece ser a norma vigente. Lá, ele logo é jogado em uma trama de bizarros acontecimentos que envolvem não só toda a população, como também criaturas apocalípticas de outra dimensão.

Alexandre Callari é conhecido por seu trabalho no Pipoca e Nanquim, mas também por seus trabalhos literários, seja como tradutor ou mesmo como escritor. Os primeiros livros dele que tive contato foram da trilogia “Apocalipse Zumbi”. E apesar dessa série literária trazer uma história de zumbicalipse cheia de clichês (o que não chega a ser algo ruim), já mostrava algumas boas características em sua escrita.

“A Floresta das Árvores Retorcidas” é o primeiro livro de Alexandre Callaria lançado pela editora Pipoca e Nanquim, da qual ele é criador e editor-chefe. Nesta obra o escritor se apropria do Cosmicismo de H.P. Lovecraft, e traz como plot principal uma cidade no interior do Brasil que vive à sombra de um culto misterioso que cultua um Grande Antigo exilado que já vagou pela Terra há milhares de anos. O objetivo desse culto é encontrar um livro específico (o qual, você já deve saber o nome) para libertá-lo a assim trazer o caos (rastejante?) e a destruição da humanidade.

Em “A Floresta das Árvores Retorcidas”, Alexandre Callari mantém os sentimentos de angústia e terror que os homens, em sua vã e curta existência, sentem perante seres de poder inimaginável e mais antigos que o próprio universo. Além da mitologia Lovecraftiana e os sentimentos que ela procura transmitir, o escritor mistura espíritos, evocações e raças perdidas, tornando sua história mais contemporânea e acessível a outros públicos.

Sou um fã ardoroso dos contos de H.P. Lovecraft, mas não há como negar que uma das coisas que mais incomodam em sua forma de escrever é o excesso de descrições e verborragia (principalmente nas histórias mais longas). E apesar de “A Floresta das Árvores Retorcidas” se inspirar no Cosmicismo, a escrita de Alexandre Callari é mais enxuta, logo você não será bombardeado pelo detalhismo exagerado do material original. A narrativa de Callari é ágil e direto ao ponto, sem preâmbulos.

O escritor também aborda alguns temas inerentes a natureza humana, sendo o principal deles o que os homens anseiam e conquistam ao longo da vida. Isso fica evidente nos questionamentos do protagonista a respeito de sua vida ao longo dos seus 40 anos. Divorciado e desempregado, Adam vive uma verdadeira indefinição, se perguntando quais foram suas verdadeiras realizações até agora, e qual caminho seguir.

É preciso falar da belíssima edição produzida pela editora Pipoca e Nanquim. Com páginas em papel polén soft, “A Floresta das Árvores Retorcidas” tem ilustrações de Doug Firmino, que trabalhando junto com a escrita de Alexandre Callari, aumentam a imersão do leitor. A capa dura com verniz e a pintura trilateral vermelha criada pela artista Giovanna Cianelli, dão o arremate final, tornando esse livro uma das edições mais bonitas que tenho na minha estante.

“A Floresta das Árvores Retorcidas” é uma releitura de um dos Deuses Anciãos mais famosos de H.P. Lovecraft, mas sem desrespeitar o material original. Com uma escrita enxuta e dinâmica, Alexandre Callari mostra que amadureceu muito desde “Apocalipse Zumbi”, nos trazendo um livro fascinante e que com certeza vai agradar tanto os fãs do Cosmicismo, como os amantes de histórias de terror em geral.

Pode comprar sem medo, pois vale muito a pena ler “A Floresta das Árvores Retoridas”!

Ficha Técnica:

Título no Brasil: A Floresta das Árvores Retorcidas

Autor: Alexandre Callari

Capa: Dura

Número de páginas: 420

Editora: Pipoca e Nanquim

Idioma: Português

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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