SINOPSE: Em uma casa, uma maldição nasce após uma pessoa morrer em um momento de terrível terror e tristeza. Voraz, a entidade maligna não perdoa ninguém, fazendo vítima atrás de vítima e passando a maldição adiante.
No início dos anos 2000, o cinema estadunidense de terror estava saturado e não atraia o grande público como antes. Dessa forma Hollywood virou os olhos para o Japão e se encantou com o que os nipônicos estavam fazendo para traumatizar seus espectadores. Estou falando do J-Horror (nome dado a um estilo de obras de terror produzidas na cultura popular japonesa). Logo, vários remakes ocidentais foram feitos. E dessa verdadeira tsunami de terror oriental, surgiu, em 2004, “O Grito”, que considero o melhor e mais assustador de todos.
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Em fevereiro de 2020, chegou ao cinemas uma nova versão de “O Grito”. Antes de mais nada, vou dizer que esse filme não é um remake, mas uma espécie spin-off do longa-metragem de 2004. Gostei dessa ideia, pois deu uma certa liberdade ao diretor e roteirista Nicolas Pesce para contar a história, e ao mesmo tempo, inseri-la no universo que gira em torno do espírito maligno que é Kayako.
Comparar esse filme com o de 2004, é algo inevitável, e devo dizer que quando fiz isso, percebi que o longa-metragem de 2020 apresenta problemas.
O maior problema que vi, foi a mudança do tom na forma que a história é contada. No longa-metragem do início dos anos 2000, o terror psicológico era quase palpável, como um personagem à parte. Kayako era assustadora nem tanto por suas aparições, mas pela ambientação que era criada ao redor dela (o vídeo de segurança, onde uma sombra do nada vai crescendo até tomar forma do espírito vingativo, é uma das melhores e mais assustadoras cenas que já vi). No filme de 2020, o terror psicológico é menos palpável, sendo substituído por jump-scares, que são bem previsíveis, e algumas cenas gore, o que estraga um pouco quem busca uma experiência apavorante.
No filme de 2004, Kayako quando aparecia, era algo aterrorizante, muito pelo clima criado antes, mas por sua forma de agir. Além de atriz, Takako Fuji era contorcionista, então seus trejeitos não eram CGI, mas sim movimentos reais (como não lembrar da cena da escada?). No longa-metragem de 2020, essas novas forças malignas, não possuem a mesma presença, a mesma opressão do remake de 2004. O que quero dizer, é que um bom filme de J-Horror, seja ele remake ou não, necessita de um espírito com cabelo na cara de responsa.
Mas “O Grito” de 2020, tem coisas boas. Como disse, esse filme é um spin-off, e isso deu certa liberdade para o diretor e roteirista. Uma das decisões narrativas que mais gostei, foi a história de origem dos novos espíritos vingativos, que tem relação com Kayako, mas acaba por ser original ao que já vimos na franquia. A casa mostrada nesse longa-metragem também é algo positivo, pois nesses momentos eu conseguia sentir um pouco da opressão que o remake de 2004 possuía. Quando o detetive Goodman (Demián Bichir) diz que nunca entrou na residência por achar que existia “algo muito errado” com ela, eu consegui sentir a sensação que ele sentia.
“O Grito” de 2020, quis ser original e uma homenagem ao mesmo tempo, mas por não trabalhar melhor os elementos centrais desse J-Horror ele me pareceu sem-identidade, e por isso, classificaria ele no mesmo patamar de “O Chamado 3”. Se você conseguir não comparar esse longa-metragem com o remake de 2004, acredito que consiga avaliá-lo melhor. Mas como a comparação foi inevitável para mim, achei o filme ruim, e por isso digo que não vale a pena assistir “O Grito” de 2020.
Ficha Técnica:
Título Original: The Grudge
Título no Brasil: O Grito
Gênero: Terror
Duração: 94 minutos
Direção: Nicolas Pesce
Produção: Sam Raimi, Rob Tapert, Taka Ichise
Roteiro: Nicolas Pesce
Elenco: Andrea Riseborough, Demián Bichir, John Cho , Betty Gilpin, Lin Shaye, Jacki Weaver, Frankie Faison, William Sadler, Tara Westwood, David Lawrence Brown, Zoe Fish, Junko Bailey, Nancy Sorel, Stephanie Sy, Joel Marsh Garland, Robin Ruel, Bradley Sawatzky
Companhia(s) produtora(s): Screen Gems, Stage 6 Films, Ghost House Pictures
Distribuição: Sony Pictures Releasing