SINOPSE: Toda a família de Ki-taek está desempregada, vivendo num porão sujo e apertado. Uma obra do acaso faz com que o filho adolescente da família comece a dar aulas de inglês à garota de uma família rica. Fascinados com a vida luxuosa destas pessoas, pai, mãe, filho e filha bolam um plano para se infiltrarem também na família burguesa, um a um. No entanto, os segredos e mentiras necessários à ascensão social custarão caro a todos.

Nos últimos 20 anos, o cinema sul-coreano vem se destacando mundo afora. De filmes mais conceituais a blockbusters, você já deve ter assistido algum e não ter percebido que seu país de origem é a Coréia do Sul. Com certeza, um dos nomes que mais se destacam na indústria cinematográfica sul-coreana, é o diretor e roteirista Bong Joon-ho, que tem em seu currículo filmes como “O Hospedeiro”, “Okja” e “Expresso do Amanhã”. Seu último longa-metragem, “Parasita”, chegou como uma verdadeira avalanche, arrebatando crítica e público, e abocanhando prêmios que até então eram restritos a filmes produzidos na terra do Tio Sam.

“Parasita” faz uma forte crítica a estrutura social sul-coreana. Estamos acostumados a ver a Coréia do Sul como um país moderno, tecnológico e com uma qualidade de vida altíssima. Mas o filme de Bong Joon-ho mostra um outro lado, onde a pobreza e o desemprego estão presentes. Essa crítica à desigualdade social sul-coreana, é mostrada através de duas famílias. A pobre família Ki, que consiste em Kim Ki-taek (Song Kang-ho), um motorista desempregado, sua esposa Choong-sook (Jang Hye-jin), o filho Ki-woo (Choi Woo-shik ) e a filha Ki-jeong (Park So-dam) que vivem em um pequeno apartamento, situado no porão de um prédio. Do outro lado, temos a abastada família Park, que é composta por senhor Park (Lee Sun-kyun) e senhora Park (Cho Yeo-jeong), e seus filhos: Park Da-hye (Jung Ji-so) e Park Da-song (Jung Hyun-joon).

Para contar essa história, o diretor utiliza os elementos clássicos para mostrar as diferenças entre as classes (habitações, roupas, festas, carros, etc.), mas inova na forma de filmar. Quando estamos vendo a família Ki, as cenas são mostradas de cima para baixo, ou mostrando os integrantes dessa família descendo várias escadas para chegar à residência deles, em uma clara alusão de que eles vivem no extrato mais baixo da sociedade. Já a forma de filmar a família Park é o inverso, com o objetivo de mostrar que eles estão no topo da pirâmide social.

Ale´m disso, as famílias Ki e Park também são mostradas de forma bem distintas. A família Park é alienada a tudo que os rodeia, sendo mostrados como verdadeiros otários. E como diz o ditado: “para cada otário que nasce, dois malandros já estão a postos no berçário”. A família Ki devido a sua condição social, são retratados como vigaristas espertos que aproveitam cada oportunidade para ganharem dinheiro fácil.

Mas se engana quem pensa que “Parasita” possui uma história pesada e arrastada por fazer uma crítica social desse porte, pois o filme trata dessa questão com um humor ácido. Ver a família Ki procurando o sinal do wi-fi dos vizinhos para poder utilizar as redes sociais ou jantarem batata-frita e energético (furtados de algum vizinho), se mostram situações muito divertidas. E no outro espectro, temos a família Park mostrada de forma bem infantil e absorta. Comentários sobre o cheiro de Kim Ki-taek feito pelo sr. Park, acaba sendo engraçado, por mostrar uma total alienação às pessoas e ao mundo que o rodeia.

“Parasita” possui uma excelente fotografia e um roteiro bem-escrito e as atuações são ótimas, principalmente os atores que interpretam os integrantes da família Ki. O filme possui uma narrativa muito boa, que torna a experiência do espectador interessante e fluida, mas o final de “Parasita” apresenta uma mudança no ritmo de narração muito brusca. Fiquei com a impressão de que Bong Joon-ho ficou sem ideias para encerrar essa ótima história.

“Parasita” com um excelente trabalho de produção e com sua história ácida e divertida, vem ganhando prêmios que até então seriam dados para produções hollywoodianas, e foi indicado a seis categorias do Oscar, incluindo as três mais importantes: melhor filme, melhor direção e melhor roteiro original.

“Parasita” consegue ser um vetor de discussões e divertido ao mesmo tempo, além de ser uma aula de como se produzir uma produção cinematográfica de qualidade. Por isso, que digo que vale muito a pena assistir “Parasita”!

 

Ficha Técnica:

Título Original: Parasite

Título no Brasil: Parasita

Gênero: Comédia, Drama

Duração: 132 minutos

Direção: Bong Joon-ho

Produção: Kwak Sin-ae, Moon Yang-kwon, Jang Young-hwan

Roteiro: Bong Joon-ho, Han Jin-won

Elenco: Song Kang-ho, Jang Hye-jin, Choi Woo-shik, Park So-dam, Lee Sun-kyun, Cho Yeo-jeong, Jung Ji-so, Jung Hyun-joon, Lee Jung-eun, Park Myung-hoon

Companhia(s) produtora(s): Barunson E&A Corp

Distribuição: NEON, CJ Entertainment

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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