SINOPSE: Buenos Aires, 2012. O cardeal argentino Jorge Bergoglio (Jonathan Pryce) está decidido a pedir sua aposentadoria, devido a divergências sobre a forma como o papa Bento XVI (Anthony Hopkins) tem conduzido a Igreja. Com a passagem já comprada para Roma, ele é surpreendido com o convite do próprio papa para visitá-lo. Ao chegar, eles iniciam uma longa conversa onde debatem não só os rumos do catolicismo, mas também afeições e peculiaridades da personalidade de cada um.

A Netflix em 2019 entrou em uma verdadeira guerra com a Academia de Artes e Ciências Cinematográfica, responsável pelas indicações e premiações dos filmes no Oscar. Essa vontade de ganhar as principais categorias do prêmio máximo do cinema, a qualidade de suas produções melhoraram exponencialmente. Então esse ano fomos agraciados com “O Irlandês”, a maior aposta da Netflix para ganhar nas principais categorias do Oscar, e em dezembro desse ano, chegou a líder mundial do streaming “Dois Papas”.

“Dois Papas” têm como pano de fundo, a sucessão do papa Bento XVI por Jorge Bergoglio, que viria a ser o papa Francisco I. O filme, inspirado em uma história real, mostra o desgaste da Igreja Católica diante da divulgação da fraude e corrupção no Banco do Vaticano e de casos de pedofilia dentro da Instituição Católica. O filme não entra demais nesses assuntos, os utilizando como parte do cenário para a renúncia de Joseph Aloisius Ratzinger ao papado.

“Dois Papas” fala de forma mais profunda sobre a falta de fé das pessoas e a evasão dos fiéis da Igreja Católica. Essa discussão fica evidente nos diálogos entre o papa Bento XVI e Jorge Bergoglio. É interessante ver a dicotomia entre o papa emérito e o cardeal argentino: enquanto Joseph Aloisius Ratzinger prega um conservadorismo com objetivo de preservar as tradições milenares do Catolicismo, Bergoglio vê como solução para igrejas vazias e a diminuição no número de fiéis, voltar as atenções da Igreja para as pessoas. Essas questões são exploradas de forma leve, sem dizer entrar na discussão de qual lado é o certo.

Mas ”Dois Papas” é uma história que fala de amizade, antes de qualquer coisa. Em 2005, Joseph Aloisius Ratzinger via em Jorge Bergoglio, um adversário à sua eleição para o papado. Pessoas diferentes em suas ideologias, mas iguais em seu amor pela Igreja Católica, se encontraram em 2012, quando Bergoglio solicitava sua aposentadoria. E essa relação de amizade que vai se criando é a melhor coisa do filme. E aqui me rendo completamente ao talento de Anthony Hopkins e Jonathan Pryce. Esses dois monstros do cinema mundial, são os maiores responsáveis por essa relação de amizade que o longa-metragem mostra.

Outro fator que faz “Dois Papas” um filme leve e divertido, é a comédia presente no filme. É engraçado ver Ratzinger e Bergoglio se alfinetando como dois bons amigos. Além disso, o longa-metragem rende ótimos momentos cômicos, como a tentativa do papa Francisco I em fazer uma reserva aérea, ou os dois papas, o emérito e o atual vendo a final da Copa do Mundo de 2014.

Vale ressaltar também, o excelente trabalho de direção de Fernando Meirelles em “Dois Papas”, bem como a belíssima fotografia e trilha sonora impecável. Esses aspectos técnicos, fazem do filme, uma experiência cinematográfica como poucas vezes vi.

“Dois Papas” está passando em cinemas selecionados ao redor do mundo, com destaque para Los Angeles. Uma das exigências da Academia de Artes e Ciências Cinematográfica é que qualquer filme que precise ser apreciado e indicado ao Oscar, deve passar por sete dias nos cinemas da Cidade dos Anjos. “O Irlandês” é a maior aposta da Netflix para levar as principais categorias da maior premiação do cinema, mas não me surpreenderia se “Dois Papas” ganhasse, caso indicado, a algum prêmio importante no Oscar. E digo que “Dois Papas”, merece ser indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora, Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante.

“Dois Papas” é leve e divertido. Parafraseando as palavras do diretor Fernando Meirelles: “Quis fazer um filme que quando terminasse de assistir, saísse feliz, com um sorriso do rosto. Então pode dar como missão cumprida Fernando Meirelles, pois terminei de ver “Dois Papas” com um sorriso no rosto.

VALE A PENA ASSISTIR “DOIS PAPAS”!

 

Ficha Técnica:

Título Original: The Two Popes

Título no Brasil: Dois Papas

Gênero: Drama, Comédia, Biográfico

Duração: 125 minutos

Direção: Fernando Meirelles

Produção: Dan Lin, Jonathan Eirich, Tracey Seaward

Roteiro: Anthony McCarten

Elenco: Anthony Hopkins, Jonathan Pryce, Juan Minujín, Sidney Cole, Lisandro Fiks

Companhia(s) produtora(s): Netflix

Distribuição: Netflix

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Publicado por Marcelo Santos

Quase biólogo, formado em Administração. Maníaco desde criança por filmes e séries. Leitor assíduo de obras de ficção, terror, fantasia e policial.

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